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Sessão de 25 de Março de 1925 33

das Colónias a quando da presença do Sr. Alto Comissário. Mas, disse-me êle: felizmente ficamos descansados.

Não preguntei nada; mas ele continuou com aquela familiaridade que os Ministros lhe concedem, eu e fulano (eram dois, portanto) recebemos cada um 90$00!

Eu, que me senti envergonhado, porque ao tempo um Ministro ganhava 213$00, não chegando, portanto, para a despesa do hotel em que eu estava, só tive esta resposta "ainda bem; porventura foi do seu bolso particular. O que sinto apenas, Lucas, é que não possa, quando sair, gratificar-te compensadoramente".

E, de facto, não pude.

Os homens são assim; e não se modificam com facilidade. Êstes pequenos casos que citei impressionam me, causam-me apreensões. Disse sempre comigo, o disse-o às poucas pessoas com quem tenho intimidado, que acreditava na obra do Sr. Norton de Matos, fielmente, só S. Exa. tivesse à sua disposição os tesouros da América do Norte. Era assim que eu me exprimia; e, de facto, os tempos rodaram e a confirmação veio. Para administrar com pouco dinheiro é preciso ter muito bom senso.

E assim é que chegámos a esta situação, em que nos encontramos a braços com dificuldades enormes.

Aí tem, Sr. Ministro, como estas diversas parcelas, somadas, dão um montante elevado. Claro é que outras causas havia, mas não as obras de fomento. Nosso ponto está em equívoco o Sr. Ministro das Finanças, porque tais obras não se realizaram. O que há é alguma cousa para a realização de certas obras, o que é diverso: há as ferramentas, o material para realizar certas obras. Mas vejam V. Exas. que, antes dessas ferramentas começarem a trabalhar, já os encargos das mesmas pesam sôbre nós. E é por pagar os encargos do material adquirido e ainda não utilizado, o longo mesmo do só utilizar, que estamos nesta situação. Além da verba do déficit, o que há mais?

Contas diversas, que estão reunidas no relatório apresentado num estudo feito pelo Sr. António Milheiro.

Mas, Sr. Presidente, pregunto eu, algumas delas não estão já inscritas no Orçamento? Algumas delas não serão em duplicado?

Seria uma cousa para averiguar.

Seja como fôr, a verba de 34:000 contos para obras de fomento não é excessiva?

Eu ainda não vi a êste respeito um critério definido da parte dos oradores que me precederam.

Diz-se:

É necessário tratar da obra de tal, do caminho de ferro de tal e tal. Mas quanto é necessário para cada uma dessas obras? Por onde se deve começar? Por que ponto se devem iniciar as obras do fomento? De estudos realizados, ou em esboço, que montam a muitos milhares de libras, sabemos nós. Mas o que há a fazer? Há que fazer, primeiro que tudo, a aplicação ou utilização do material requisitado.

Para isso é necessário ter dinheiro e técnicos. Dinheiro pode aparecer com mais facilidade do que os técnicos. Com maus técnicos ou com técnicos pouco experientes, as dificuldades sobem de ponto.

A obra a realizar, antes de mais nada, é a do caminho de ferro do Malange; e eu não compreendo que só pense em distrair dinheiro para outros fins, sem tratar dêste caminho do ferro.

Caminho de Ferro de Mossamedes.- Una caminho do ferro destinado a ligar a zona sul da costa à fronteira leste, ou sejam 1:100 quilómetros, destinado mais a atravessar a fronteira leste e ir procurar o sistema ferroviário da África do Sul, é realmente muito pequena bitola para êsse fim.

E um caminho do ferro para crianças. Todo o dinheiro que ali se gastar é improdutivo.

Caminho de Ferro do Amboim.- É um caminho do ferro porventura a construir e talvez a subvencionar; mas o que é facto é que temos maiores necessidades. E como dispomos do pouco dinheiro, há que aproveitá-lo na principal artéria, que é o caminho de ferro de Malange.

A riqueza do Bembe. - Fala-se nessa riqueza, mas ainda ninguém o demonstrou. Que há lá cobre, ninguém o duvida! Mas quem não sabe que no nosso continente europeu existe também muito ouro e muitos outros materiais?

Simplesmente o que é preciso saber é se êssos filões são susceptíveis de ser explorados econòmicamente.

Diz se igualmente que há ali minas de