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34 Diário da Câmara dos Deputados

petróleo. Não há dúvida; mas ninguém pode afirmar, com segurança, a excelência dêsses jazigos de petróleo, a não ser que se façam explorações custosas, sondagens profundas, que representam muito dinheiro. E não me consta que a Companhia do Bembe esteja em condições de poder fazer essa despesa.

E vamos nós então financiar essa companhia do resultados hipotéticos?! Estava bem se, de facto, nos sobrasse o dinheiro; mas como tal não sucede, não se compreende.

O caminho do ferro do Bembe tem um percurso de 350,400 quilómetros.

Consta-me que a Companhia do Bembe nada fez até agora senão a abertura de um poço como qualquer proprietário do norte faz nas suas propriedades.

O Sr. Brito Camacho : - Êsse poço tem 28 metros de profundidade.

O Orador: - Eu calculava em 15 metros, mas em todo o caso não estava muito longe. E vamos nós lançar-nos numa obra de financiamento?! Emfim, é possível. Os fados podem mais do que tudo; mas isso será grave êrro, para o qual chamo a atenção da Câmara.

E não venha ninguém agitar aos meus olhos o que eu, há pouco, em àparte, chamei o papão ou espantalho do estrangeiro. A Companhia do Bembe, por intermédio dos seus dirigentes, andou por essas praças estrangeiras, de mão estendida, e não conseguiu cousa nenhuma. E como nada conseguisse, porventura virá bater à nossa porta, dizendo que está ali uma tam grande vantagem que é necessário nacionalizá-la, sob pena de passar para as mãos de estrangeiros.

Devemos estar acautelados contra esta circunstância.

O Sr. Rêgo Chaves : - Nas relações que eu tive com a Companhia do Bembe, o problema foi-me pôsto da forma como V. Exa. acabou de dizer: Angola cumpria os compromissos que com ela tinha tomado no tempo do primeiro Alto Comissário, ou então Angola libertava a companhia dessa situação de forma a ela ficar com os braços livros para tratar do seu financiamento com capitais estrangeiros.

Emquanto eu fui Alto Comissário, as relações que mantive com essa companhia estavam neste pé.

O Orador: - Eu direi a V. Exa. que se, de facto, há capitais estrangeiros que se ofereçam à Companhia do Bembe, não vem daí perigo algum.

Angola è uma colónia muito vasta. A província de Angola só por si não pode ser colónia portuguesa. A Inglaterra faz bem em admitir todos os auxílios estrangeiros e actividades nas regiões que estão por fazer. É êsse sempre um bom critério.

Não me assustam, pois, os capitais estrangeiros quando bem aplicados, nem me assustam as actividades estrangeiras quando utilizadas nas nossas colónias, pois que estas devem estar abertas a todas as mentalidades e a todos os capitais.

Apoiados.

Não tenho a fobia do estrangeiro. Nem nós nem nenhuma outra nação se basta a si própria para colonizar.

Sr. Presidente: se a hora não fôsse adiantada e eu não tivesse o propósito de não abusar da atenção da Câmara, entraria em considerações gerais sôbre êste tema, que é muito interessante, para mostrar bem o meu desacordo com o Sr. Rêgo Chaves.

Colonizar é um trabalho muito caro, é um luxo muito caro.

Como remate das minhas considerações mando para a Mesa uma emenda ao artigo 1.° reduzindo a metade a verba pedida, porque hipotética é a importância de 50.000 contos previstos de deficit, porque há dívidas que estão sujeitas a revisão, porque há dívidas que estão em duplicado, e há algumas em que se prevê a possibilidade de adiar o seu reembolso por alguns anos.

E a êsse respeito estimaria saber o que pensa o Sr. Norton de Matos; porque consta-me que o Sr. Norton do Matos, desde Janeiro a esta parte, tem enviado não sei para que Ministério relatórios a êste respeito, onde vem expresso o seu ponto do vista. Consta-me até que num dêsses relatórios emito a opinião - chamo para isso a atenção da Câmara- de que para valer a Angola não são precisos mais de 12.000 contos.