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Sessão de 1 de Abril de 1925 19

Sr. Presidente: mas se não há uma razão de carácter administrativo para aconselhar a nomeação de políticos para a administração do Banco, qual é então a razão justificativa do intento?

Do que não resta dúvida, Sr. Presidente, é que a razão que levou o Sr. Presidente do Ministério, isto é., os Governos da República a criar êsses lugares foi o de arranjar postos para lá colocar os seus amigos, para os servir, pois a verdade é que nenhuma outra razão há que justifique essas nomeações.

Sr Presidente: a razão que se apresenta, de que é necessário republicanizar os Bancos Emissores, não tem razão de ser, pois a verdade é que nem o Banco de Portugal nem o Banco Nacional Ultramarino necessitam lá de políticos para saber se devem ou não descontar letras.

Eu tenho a certeza absoluta do que tanto o Banco de Portugal como o Banco Nacional Ultramarino não acatarão o decreto do Sr. Presidente do Ministério, muito principalmente depois do que se passou nas suas assembleas gerais, assim como não acataram o decreto do Sr. Pestana Júnior, se bem que o Sr. Velhinho Correia nos tenha dito ontem aqui que agora já estão dispostos a acatar o decreto.

O Sr. Velhinho Correia (interrompendo):- Eu, a êsse respeito, levei-me pela opinião do Sr. Alves Diuis, segundo os artigos que vieram publicados no Diário de Notícias sôbre a reforma bancária.

O Orador: - O que é um facto é que êsses artigos foram, na verdade, duma grande infelicidade, e tanto assim que já mereceram a respectiva censura por parte da classe bancária, sendo, portanto, de esperar que êles hoje mantenham a mesma atitude que mantiveram quando da publicação do decreto do Sr. Pestana Júnior.

Os bancos não podem acatar êsse decreto, que é* atentatório da boa administração, das boas normas administrativas de qualquer estabelecimento bancário.

Não apoiado do Sr. Velhinho Correia.

Demonstrado como fica que a intromissão dos representantes do Estado no Banco Emissor não tem outro objectivo que não seja o de arranjar lugares para servir amigos, fica também demonstra do que são verdadeiramente desastrosas as consequências da entrada dêsses representantes para a administração do Banco.

Eu quero referir-me agora à oposição feita pelo Sr. Presidente do Ministério, de que a ingenuidade da República. - notem V. Exas. - a ingenuidade - note a Câmara e ouça o País,- a ingenuidade da República, a ingenuidade dos republicanos, foi que fez com que em 5 de Outubro, disse S. Exa., tendo vencido na Rotunda, se limitaram a vencer, e não entraram no Banco do Portugal e nos outros bancos, a dizer que eram revolucionários e tomarem conta dos bancos, porque tudo aquilo era deles.

Esta é a moral corrente entre republicanos.

Supor que os bem intencionados, os ingénuos que se bateram pela República em 1910, animados dêsse espírito leal, convencidos de que êle seria a salvação, poderiam pensar assim!

Foram atrás dos que protestaram contra a Monarquia, caluniando-a.

Bem perto de nós está quem, sendo adversário inteligente, nunca usou de calúnias.

Os outros não procederam assim.

Apoiados.

Os que foram bater-se pela República, por um ideal que julgavam ser o mais consentâneo com os interêsses da Nação, não foram bater-se para fazer o assalto aos bancos.

Disse o Sr. Presidente do Ministério que a prova de que o Banco de Portugal fazia política estava num artigo do Financial Times.

Êsse artigo, disse S. Exa. levou o descrédito ao estrangeiro.

Quem é que V. Exas. querem convencer de que, porventura, êsse artigo é o descrédito do País?

V. Exa. é que ali no seu lugar de Deputado, o ano passado, o fez, apreciando os decretos do Sr. Álvaro de Castro, pelos quais o País apressou a bancarrota, não pagando aos credores do Estado, deixando atrasar dois semestres do pagamento da dívida externa, não se pagando e ainda hoje e não se sabendo ao certo o regime que vai vigorar para o pagamento dos juros dos títulos dos tabacos.