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10 Diário da Câmara dos Deputados

Mas então tenham a coragem do dizer as cousas tal qual elas são.

Diga-se abertamente que a situação apertada do Tesouro Público embaraça a devida solução do problema.

O que não compreendo é que andemos a disfarçar a não continuação do regime anterior.

Tenho a impressão de que o problema do monopólio dos fósforos foi trazido à Câmara dos Deputados sem que houvesse sido estudado devidamente nos seus múltiplos aspectos.

Como já aqui foi dito pelo Sr. Paiva Gomes, corremos o risco, por isso, de dotar o Govêrno com um instrumento ineficaz, a ponto de a breve trecho êle ter de vir solicitar novas regras de direito para governar.

Será isso um desastroso efeito moral.

Não quero demorar as minhas considerações, mas não quero terminá-las sem dizer que mais uma vez protesto contra esta idea que vem implícita em todas as objecções feitas às minhas considerações, de que o operariado do meu País é constituído por crianças grandes, incapazes do se dirigirem, de que os operários não são homens como nós outros, com cabeça para pensar e coração para sentir.

Protesto contra essa idea do que a maior parte da população portuguesa é constituída por incapazes do se governarem, porque isso é contraditório da obra que os homens das Constituintes fizeram, pondo no primeiro artigo da Constituição a indicação de que a nossa República é uma República democrática.

(Então êsses homens mentiram a si e à Nação!)

Não! Mas os que lhos sucederam vêm dizer que o povo é incapaz de realizar uma democracia!

Protesto contra a contradição com toda a energia da minha alma, apaixonadamente porventura, porque não é isso uma verdade.

Andámos lado a lado com operários em trabalhos de diversos organismos, como comissões políticas, e não temos o direito do dizer que lhes não têm ainda o desenvolvimento necessário para usufruírem determinadas regalias.

Se a minha proposta não fôr aprovada, terei com isso desgosto como republicano.

Tenho dito.

O discurso será publicado na íntegra revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taguigráficas que lhe foram enviadas.

Vozes: - Muito bem.

O Sr. Carvalho da Silva: - Sr. Presidente: ouvi ontem o Sr. Tôrres Garcia falar em nome da comissão do comércio e indústria, dizendo que não aceitara as propostas de emenda mandadas para a Mesa pelos Srs. João Camoesas e Pinto Barriga.

Vejamos a base G, mandada para a Mesa pelo Sr. Tôrres Garcia em nome do Govêrno.

É absolutamente justa esta proposta, mas está redigida em termos que o tornam insuficiente; a proposta do Sr. Pinto Barriga é mais clara.

Não compreendo porque é que os empregados do escritório não hão-de ser atendidos, assim como o pessoal admitido depois do 1895, tanto mais porque é justo por uma exposição de que mo foi entregue a cópia, ou seja que o pessoal nestas condições é muito superior em número ao admitido em 1895.

É justo que êste pessoal seja esquecido?!

Essa representação merece à Câmara e deve merecer ao Govêrno toda a simpatia pela salutar doutrina que preconiza.

Numa época em que tanta gente preconiza a desordem e a luta entre classes, eu não posso deixar de me regozijar pela linguagem sã que vejo numa representação que, pela maneira como está redigida, ela preconiza o são principio do harmonia entre o capital e o trabalho, e, portanto, uma classe que assim se manifesta tem o direito de se fazer ouvir e nós temos o direito de a respeitar.

Para uma classe que assim fala, vão todas as simpatias dêste lado da Câmara.

Já aqui se prestou homenagem ao contrato do 1895, no qual não foram esquecidos os interêsses dos operários, princípios que nós devemos manter, pois só poderá negá-los quem desconhecer o movimento social que se tem passado era