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Sessão de 21 de Abril de 1925 11

da Constituição, respondeu que nada tinha a dizer, a não ser que achava muito extraordinária a imposição que lhe vinham fazer.

E devo dizer a V. Exas. que, nesse momento em que já a maior parte da guarnição militar da cidade marchava pelas suas ruas a tomar posições para dominar a revolta, êsses oficiais diziam que falavam em nome de toda a guarnição de Lisboa, o que é deveras curioso.

Mas ainda mais curioso é o facto de êsses mesmos oficiais terem dito ao Sr. Presidente da República que entravam no movimento para endireitar isto e que a êle estavam ligados por um compromisso de honra, qual era o de derrubar êste Govêrno.

O Sr. Presidente da República respondeu-lhes então que também êle tinha prestado, ao tomar posso do seu lugar, um compromisso de honra perante o Parlamento do seu País, que era a única entidade a quem devia obediência, que nunca sairia da Constituição (Apoiados), e que era essa a única resposta que tinha a dar-lhes.

Apoiados.

Depois desta declaração, um dos representantes dos revoltosos, parece-me até que, se não estou em êrro, o menos graduado, isto é, o capitão que acompanhava o general Sr. Sinel de Cordês, disse que, em vista da resposta do Sr. Presidente da República, iria começar-se o bombardeamento à cidade, e, principalmente, ao quartel do Carmo.

Perante esta afirmação, o Govêrno, depois de ter retinido, entendeu que o Sr. Presidente da República não tinha o direito de continuar no quartel do Carmo.

Apoiados.

Devo também dizer que foi preciso usar da autoridade que um Chefe de Govêrno tem nestes casos para que S. Exa. o Sr. Presidente da República resolvesse sair da cidade de Lisboa.

Apoiados.

Como V. Exas. sabem, S. Exa. saiu do quartel do Carmo e dirigiu-se a Cascais, acompanhado pelos Srs. Ministros dos Negócios Estrangeiros e da Instrução Púbica.

E, Sr. Presidente, desde o momento que se disse que se ia iniciar um bombardeamento, e que êle seria principalmente

dirigido para o quartel do Carmo, onde se encontrava o Govêrno, o lugar dêste só podia ser ali.

Assim, foi lá que o Govêrno continuou, e, perante a ameaça que lhe tinha sido feita, êle deu ordem ao Sr. general comandante da divisão para mandar abrir imediatamente o fogo sôbre o acampamento da Rotunda.

Porém, sabem todos V. Exas. que, para a execução duma ordem desta natureza, é preciso sempre tempo para que as tropas marchem e ocupem os seus lugares, e, principalmente, para que a artilharia procure e tome posições. Assim, embora isto não tenha sido bem compreendido por uma parte da população de Lisboa que estava enervada por terem demorado um pouco mais do que ela desejava os ataques das fôrças fiéis ao Govêrno, a verdade é que não era possível êles terem-se feito com maior rapidez.

A artilharia teve de percorrer grandes distâncias e de gastar bastante tempo na escolha de posições.

E escusado dizer como depois seguiram os acontecimentos, porque V. Exas. já os conhecem, e, como na manhã seguinte, depois dam forte ataque de artilharia dos revoltosos, as nossas fôrças começaram então a desenvolver os seus ataques.

Foi então arvorada uma bandeira branca no quartel general dos revolucionários, tendo-se êles então entregue, sem condições de espécie alguma, e, assim, a revolução estava completamente dominada.

E não nos devemos esquecer de que, mandado cessar o fogo pelas duas fôrças em luta, não mais qualquer conflito se deu na cidade (Apoiados), e que daí a três ou quatro horas eram postos em circulação os carros eléctricos, e, que, além disso, qualquer pessoa que chegasse de fora de Lisboa não teria a impressão da luta violenta e grave que acabava de dar-se.

É preciso também não esquecer neste momento a atitude decidida e de uma grande dedicação e tenacidade republicana, aliás como sempre, da população de Lisboa.

Apoiados.

A dificuldade maior que eu tive, Sr. Presidente, durante essas horas, foi a de convencer essa grande massa que me aparecia desejosa d& defender as liberdades