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14 Diário da Câmara dos Deputados

classe a que os revoltosos pertencem, que tem sido prestigiada pela República, que tem merecido o nosso cadinho e atenções, muitas vezes sem haver a receita correlativa, por nos lembrarmos de que a nação é para todos e não apenas para certas classes, Apoiados.

O que nos trazia realmente o movimento? Qualquer cousa de bom para o país? Não. Era justificado porque estava um Govêrno em ditadura? Também não; trazia-nos apenas o enigma, que é apenas conveniente para aquelas criaturas que, não sabendo cumprir o seu dever, querem ^a todo o transe evitar que outros o cumpram.

O que fez êste Govêrno para o quererem ver substituído? Não tem sido um Govêrno de apaziguamento, mas ao mesmo tempo com a energia suficiente para arrecadar nos cofres do Estado a receita que lhe é necessária? Mas então não é dado aos poderes constituídos, e mormente ao Poder Legislativo, saber quando os Governos cumprem os seus deveres?

Porventura temos nós necessidade de elementos estranhos para fazermos cumprir com os seus deveres a quem estarias cadeiras do Poder?

Porventura, sem a intervenção dêsses elementos, não se tem limado as asperezas de certas leis que tem levantado celeuma na sociedade portuguesa?

Pois bem1, o Parlamento não é nada, num regime democrático, para os indivíduos revoltados.

Foi isto que repugnou à consciência Copular, e repugnou por tal maneira que percorrendo-se a cidade se verificava o an seio que o povo tinha de provar que a fisionomia popular se não tinha alterado. O povo tem realmente o sentimento das proporções e das conveniências, e para que se não dissesse que se lhe lançava um pequeno rastilho, e para que os facínoras que em todas as horas amargas da República descem, como lobos esfaimados, ao povoado, não pudessem praticar mais crimes, o povo cumpriu serenamente o seu dever. Apoiados.

Isso muito contribuiu para que o Govêrno, com aquela parte da fôrça armada de que dispunha, tivesse podido, em algumas horas, jugular o movimento, no qual as pessoas que o dirigiam não tiveram pejo de se servirem de simples recrutas, simples por excelência, para os sacrificarem pela sua vaidade, pela sua megalomania, tirando à sociedade alguns elementos prestantes e alguns prestes a abandonarem as fileiras militares.

Apoiados.

Glória também para êste Govêrno, que em poucas horas conseguiu sufocar um movimento no qual muitas pessoas não acreditavam que se tivessem gasto tantas munições.

Compreendo alguns movimentos, e em alguns tive responsabilidade, quer para mudança de região, quer para sacudir aventureiros do Poder, ou esmagar ditaduras, mas, tendo também condenado muitos movimentos que têm tido eclosão a dentro do meu país, nunca vi nenhum que tivesse tal ponto de interrogação como êste, e assim é que não compreendo a promiscuidade dos elementos que o compunham, nem a sua finalidade, que não dava garantias a ninguém.

Apoiados.

Pois êsse povo da cidade de Lisboa, juntamente com outros elementos, restabeleceu a ordem e o império da lei.

Se êsse movimento tivesse vencido o que aconteceria à sociedade portuguesa? Toda a gente o poderá dizer.

O que se fez foi um crime contra a nação; foi um movimento anti-republicano, porque os republicanos devem exercer a sua acção dentro dos organismos que a Constituição instituiu. Por outro lado êste movimento deminuíu, ou tentou deminuir o Poder Legislativo, porque sempre na história da política portuguesa honra a supremacia do Poder civil.

A República tem dado aos militares as mais altas representações da administração pública, e isso dá-nos fôrça para que todos estejam ao lado do Govêrno, que soube manter a ordem e defender o prestígio das instituições políticas.

Êste lado da Câmara está ao lado do Govêrno (Apoiados) dêsse Govêrno que soube tam bem defender as prerrogativas de todos os cidadãos.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Foi lida e admitida a moção do Sr. António Maria da Silva.