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18 Diário da Câmara dos Deputados

António Maria da Silva, eu não posso considerar capazes do cometer qualquer crime contra a Nação os oficiais do exército português.

Muitos dos oficiais revoltosos tem prestado os mais relevantes serviços, tanto na defesa da Pátria como na defesa da ordem pública.

Não posso esquecer que alguns oficiais, condecorados com as mais altas distinções que a militares podem ser concedidas, fizeram parte dêsse movimento que, seja dito, em má hora rebentou na cidade do Lisboa,

Considera o Sr. Álvaro de Castro o momento que passa como uma hora de felicidade.

Eu e êste lado da Câmara, sem retaliações de qualquer espécie que seriam descabidas, permitimo-nos discordar da forma como o Sr. Álvaro de Castro pensa.

É demasiadamente melindrosa e grave para a nacionalidade portuguesa a hora que atravessamos.

As fôrças que tomaram posições na Rotunda eram sem dúvida fôrças cuja acção seria muito útil e muito necessária para a defesa da ordem, sem a qual não pode viver uma nação.

Fazem falta essas fôrças, fazem falta êsses oficiais, muitos dêles dos mais briosos do exército português.

Não me preocupa qual fosso o objectivo dêste infeliz e inoportuno movimento; o que me preocupa neste momento é a ordem no meu país, é a situação grave que êle atravessa.

Ainda hoje li no jornal O Mundo a defesa de medidas verdadeiramente revolucionárias, a defesa do medidas absolutamente contra todos os conservadores dêste país,

É preciso que nesta hora os Srs. governantes não se esqueçam de que é necessário unir e não desunir porque não estamos naquela hora de felicidades que o Sr. Álvaro de Castro acha que o País atravessa.

Não votamos esta proposta porque ela está redigida em termos demasiado latos e não temos confiança política no Govêrno para votar uma proposta desta natureza. Queremos a ordem mantida, mas isto não quere dizer que se passe por cima da lei porque assim verificar-se-ia que quem

tinha vencido não era a ordem, mas a desordem e os princípios revolucionários.

Não faz sentido que a Câmara funcione com suspensão de garantias constitucionais, pois estando proibido o direito de reunião está qualquer classe inibida de apreciar as medidas que o Parlamento está a discutir.

Há uma pregunta à qual o Sr. Presidente do Ministério não respondeu.

Tendo o Govêrno vencido um movimento militar, como explicar que o Sr. Ministro da Guerra fosso um vencido?

Esta circunstância faz-me prever que sôbre o Govêrno se estão exercendo pressões por parte de elementos que não são de ordem, mas que atentam contra ela.

Êste lado da Câmara prestando as suas homenagens a toda a fôrça pública, nunca poderá aceitar -e muito menos na hora grave que o País atravessa, que quaisquer fôrças mais do que o próprio exército possam ser consideradas pelos Poderes Públicos, como representando a ordem.

Eu que lamento o movimento que se deu7 que o considerei inoportuno e de consequências graves para a vida do País; eu que, embora adversário do regime, prego nesta hora mais do que nunca, a união de todos os elementos da ordem, não posso deixar de ver com desgosto, que o Sr. Ministro da Guerra fôsse um vencido nesta hora.

Sr. Presidente: terminando mando para a Mesa a seguinte moção;

A Câmara, saudando toda a fôrça pública o prestando homenagem à sua alta missão, passa à ordem do dia.

21 de Abril de 1925, - Artur Carvalho da Silva.

É esta a única moção que será votada por esto lado da Câmara.

Agora peço a V. Exa. que consulte a Câmara sôbre se ela permite que esta sessão seja prorrogada para apreciação e resolução sôbre o pedido do Sr. general comandante da 1.ª divisão militar, para serem mantidos em prisão os Srs. Cunha Leal e Garcia Loureiro.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Foi lida na Mesa e admitida a moção do Sr. Carvalho da Silva.