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12 Diário da Câmara dos Deputados

já conquistadas, de que ou não devia, efectivamente, aproveitar os seus serviços, porque, tendo o Govêrno, como tinha, absoluta confiança nas fôrças do exército, apenas nos devíamos aproveitar delas.

Apoiados.

Mas, apesar de não terem sido aproveitados êsses elementos, vai para êles toda a minha consideração, porque demonstraram, mais uma vez, que Lisboa é uma cidade de profundas e arraigadas convicções republicanas.

Apoiados,

São enormes, por vezes, os desgostos e contrariedades por que passamos através da vida política. Angustiosas foram as horas que ainda há bem pouco decorreram, especialmente para os homens do Govêrno que tinham sôbre si a responsabilidade dos resultados dos acontecimentos.

Felizmente há sempre compensações e o Govêrno teve a compensação da amargura dêsses momentos na disciplina, na serenidade e na abnegação republicana das tropas que foram chamadas a cumprir o seu dever (Apoiados) e que o fizeram por forma a arraigar mais no nosso espírito a certeza de que p exército português possui um espírito militar que poderá ser igualado, mas não excedido.

Apoiados.

Não houve uma defecção, uma hesitação sequer e isso nos fez vibrar de entusiasmo.

O povo de Lisboa, o dedicado e republicano povo de Lisboa, não podia ficar esquecido nas saudações do Govêrno.

O seu entusiasmo em se sacrificar mais uma vez pela República e a confiança que depositou na acção do Govêrno não podiam ficar esquecidos. O Govêrno saudando-o não faz mais do que prestar-lhe uma justa homenagem de admiração.

Sr. Presidente: se o êxito justifica sempre os meios empregados, o Govêrno pode afirmar que bem serviu a República.

Apoiados.

Um incidente lamentável tenho que explicar à Câmara, incidente que privou o Govêrno dum seu ilustre membro. Refiro--me ao Ministro da Guerra, general Sr. Vieira da Rocha, militar prestigioso, cheio de serviços ao País e à República, que em virtude duma discussão travada em Conselho de Ministros, pediu a demissão

do seu cargo. Por um lamentável equívoco o Sr. Ministro da Guerra introduziu os dois enviados dos revolucionários na sala onde se encontrava o Chefe do Estado, estando o chefe do Govêrno noutra sala. Êste facto, dando origem à referida discussão, levou o Sr. Ministro da Guerra a demitir-se, o que foi aceito, encontrando-se actualmente à frente dessa pasta, interinamente, o Sr. Vitorino Godinho, que como Ministro do Interior assistiu desde o inicio ao ataque às fôrças revoltosas.

Sr. Presidente: como já disse, encontro-me perante o Parlamento do meu País de cabeça erguida e consciência tranquila, absolutamente convencido de que cumpri o meu dever.

Apoiados.

O Govêrno da minha presidência demonstrou mais uma vez que sabe honrar os seus compromissos e que é - como se acentuou na declaração ministerial - um Govêrno de actos e não de palavras. Inabalàvelmente continuará a sua orientação estruturalmente republicana sob o ponto de vista político e radical no campo financeiro e económico, de forma a podermos realizar aquela obra que conduz definitivamente o País ao desenvolvimento que êle exige.

Depois de sufocada completamente a revolução, alguma cousa ainda há que fazer para que os males dela resultantes se não repitam. O Govêrno não pode, por exemplo, desde já dispensar a suspensão de garantias no distrito de Lisboa, e assim é que vou apresentar à Câmara uma proposta de lei, para a discussão da qual peço urgência e dispensa do Regimento, pedindo determinadas autorizações e que a suspensão de garantias continue, mas apenas para o distrito de Lisboa. E se o Govêrno vos merece confiança e se mostra digno do cargo que lhe confiaram, a Câmara pode demonstrá-lo aprovando a proposta de lei que vou enviar para a Mesa, o que os interêsses da República exigem neste momento que seja aprova da Essa proposta é a seguinte:

Proposta de lei

Artigo 1.° É confirmado, quanto ao distrito de Lisboa, o estado de sítio decretado pelo Govêrno.

Art. 2.° É autorizado o Govêrno a tomar todas as medidas que julgar enve-