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Sessão de 22 de Abril de 1925 13

Nós todos juntos não temos nem um único polícia para nos guardar.

O Orador: - Já que V. Exa. veio falar no assunto, a Câmara há-de permitir que e responda ao seu àparte.

Sr. Presidente: devo haver um ano e meio, vindo de Gouveia para Lisboa, fui procurado pela polícia, que me disse, em nome do Govêrno de então, que eu tinha sido condenado à morte pelos comunistas, e que me acautelasse, tendo-me acompanhado até ao Parlamento.

De facto, Sr. Presidente, chegado a esta casa do Parlamento, onde se encontravam o governador civil do então e o director da polícia do investigação, facultaram-mo as fotografias dos três executores, dizendo-me ainda que nas mesmas condições se encontravam mais pessoas, algumas delas desta casa do Parlamento também.

O que é para admirar, Sr. Presidente, é que a polícia tivesse em seu poder as fotografias dêsses comunistas e os deixasse andar em liberdade.

O Sr. Américo Olavo (interrompendo): - Acho na verdade muito justas as considerações de V. Exa., mas V. Exa. é tam conservador que ainda hoje conserva a guarda que lhe concederam.

O Orador: - V. Exa., que certamente também é conservador, tem, no emtanto, votado já aqui amnistias a assassinos de adversários políticos.

Levantam-se àpartes.

O Sr. Presidente: - Peço a V. Exa. o obséquio de se cingir ao assunto em debate.

O Orador: - Sr. Presidente: ontem anunciou-se aqui a saída do Sr. Ministro da Guerra e a sua substituição pelo Sr. Vitorino Godinho; porém hoje vejo no Diário de Noticias que S. Exa. tinha abandonado a pasta da guerra, se bem que nenhuma discordância tivesse havido com o Sr. general da divisão.

Eu, Sr. Presidente, não sou daqueles que gostam somente de ir buscar depoimentos aos meus correligionários, porque gosto de os ir buscar também aos meus adversários, aos republicanos, para apreciar os actos que nesta casa são discutidos.

Ainda hoje o jornal O Rebate diz o seguinte:

Leu.

Nestas circunstâncias poderemos dar qualquer autorização a êste Govêrno?

O Govêrno diz que isto é verdade?

Se assim procedeu numa questão desta ordem, pregunto como procederá na questão do que se trata.

O Sr. Ribeiro de Carvalho (interrompendo): - Isso vem no Rebate? Não acredito sem ler!

O Orador: - Pode V. Exa. leio. Um Govêrno que depois de ter vencido um movimento consente na demissão de um Ministro como o da Guerra, a mais alta figura do exército, que contribuiu, pela situação que ocupava, para êsse resultado, um Govêrno que põe acima do tudo isso a sua conveniência política partidária, não deve obter uma autorização como esta que se pede.

Não apoiados. Apoiados.

Mas mais: ontem um jornal afecto ao Govêrno, O Mundo, preconizava medidas que julga necessárias e indispensáveis sejam postas em prática à sombra de um direito revolucionário, que é aquele que o Govêrno alega para apresentar esta proposta.

Eu, que não sou revolucionário, eu, que não quero a desordem, vejo a desordem e a revolução feitas por aqueles que estão naquelas cadeiras.

Preconizava O Mundo - e eu digo-o com tanta mais autoridade, quanto acho revoltante que determinadas emprêsas industriais tenham imprensa para à sua sombra pactuarem com o Govêrno num conúbio que é da maior imoralidade - o atentado às liberdades públicas, o que não pode ser permitido.

Preconiza-se o assalto às liberdades, em nome de um direito revolucionário.

Isto veio num jornal afecto ao Govêrno, que se diz ter defendido a ordem.

Tudo isto, Sr. Presidente, com o aplauso e o conhecimento dos elementos que politicamente influem na vida do actual Govêrno, não representa qualquer propósito de defender a ordem pública, nem a or-