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Sessão de 11 de Junho de 1925 11

que suficientes para demonstrar quais os propósitos que se tem em vista e qual e objectivo que se quere atingir.

Mas ouço falar várias vezes em defesa da República e não sei a que é que V. Exas. chamam defesa da República.

Eu julgava que quem fôsse, na verdade, republicano, quereria defender os princípios republicanos, que julga serem os melhores.

Mas então é defender princípios republicanos impedir que os cidadãos exerçam o direito de voto?

É defender princípios republicanos querer que os actos eleitorais sejam as vergonhosas burlas o as desordens que se têm presenciado neste País, com a República?

E defender princípios republicanos facilitar que a mesma pessoa vote em 6, 7 ou 8 freguesias, com nomes diversos?

E isto, depois da maneira como são feitos os recenseamentos, ordenando-se aos regedores que não passem os atestados de residência que lhes são pedidos, e adoptando-se todos os processos para que os recenseamentos sejam uma burla, fazendo-se, por exemplo, recensear na mesma loja, onde não mora ninguém, 25 e 30 pessoas, como se fez no recenseamento dêste ano.

E, porventura, uma cousa honesta e que possa ser defendida por quem diga que defende os princípios republicanos?

Mas então o que se quere defender, quando se diz que se quero defender a República, não são os princípios. Deixo ao País o tirar a conclusão daquilo que V. Exas. chamam a defesa da República.

Mas, Sr. Presidente, eu já estou habituado a ver como a República respeita o direito dos cidadãos; já estou habituado a ver como correm as eleições; portanto, já nada me deve surpreender.

Diz-se que vivemos num regime de opinião; eu direi que é um regime de violência, um regime revolucionário, um regime de exploração; mas não lho chamemos um regime nacional, um regime de opinião!

Como pode ser um regime de opinião, se tem um Ministro do Interior que exerce as maiores violências sôbre a imprensa; que manda encerrar as associações comerciais e sufocar todas as manifestações?

O único caminho que o País tem a seguir é levantar-se e pela fôrça escorraçar das cadeiras do Poder quem não sabe governar.

Os republicanos de princípios não hão-de querer que se continue neste regime de provocação e de vergonha e que se continue numa atmosfera de ódios, como até aqui se tem vivido.

Julgam-se senhores e deuses do País para o governar como se fôsse uma roça.

Não sei qual será a atitude da opinião republicana, nem a da maioria; acredito, todavia, que aqueles que se dizem conservadores hão-de olhar para êste grave problema.

Chegadas as eleições, logo os Deputados vão pela província procurar os elementos conservadores a pedir-lhes que lhes dêem auxilio, porque isto vai mal, mas que Lisboa é que tem a culpa das cousas correrem como correm e que êles, como representantes da província na Câmara, procurarão ser elementos de correcção à desordem em que se vive. Pois bem! Olhem os conservadores de todo o País para a maneira como vão votar.

Vejam todos o crime que cometem dando o seu voto ou a sua influência a Deputados que para a Câmara vêm votar num sentido verdadeiramente bolchevista.

São pareceres desta ordem, são projectos desta natureza, sem dúvida, que se destinam exclusivamente a manter na mão os elementos extremistas.

Sr. Presidente: parecendo que nestas poucas linhas está apenas um projectículo, eu direi a V. Exa. e à Câmara que êste projecto é de uma importância capital.

Aqueles que supõem que a política não tem influência na marcha da administração do um país, aqueles que supõem que a maneira como são constituídos os diversos poderes do Estado não influi na marcha das cousas públicas, demonstram a inconsciência com que olham para as leis que os vão ferir e agravar. É não é só queixarem-se quando os impostos incidem sôbre êles, quando o custo da vida os aflige...

O Sr. Presidente: - V. Exa. dá-me licença? E a hora de se passar à ordem do dia.