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24 Diário da Câmara dos Deputados

imparcialidade. Digo isto com tanta independência e serenidade, quanto é certo que eu sei que no actual regime é impossível haver um acto eleitoral que corresponda à vontade do País.

Apoiados do Sr. Cancela de Abreu.

O acto eleitoral não inspira ao País a mais pequena confiança. O Sr. António Maria da Silva é o especialista mais completo fazendo manobrar a sua legião, não sei do que cor; antigamente chamava-se formiga branca hoje não sei...

O Sr. Tavares de Carvalho: - Continua a ser a mesma.

O Orador: - V. Exa. o diz.

Não é possível neste regime parlamentar fazer outra cousa que não seja obrigar o contribuinte a pagar, o hoje se não houve isso é porque estão próximas as eleições.

O Sr. Presidente do Ministério ainda há bem pouco tempo chamava criminosos aos oficiais que entraram no movimento de 18 de Abril, o contudo S. Exa. sabe bem que entre êsses oficiais alguns há dos mais briosos e que mais têm honrado o exército português, sendo possuidores das condecorações mais elevadas que podem conferir-se a oficiais.

É que nesta casa do Parlamento considera-se um crime de alta traição tudo quanto possa representar tirar-se o Poder aos usurpadores que o tem ocupado. É que é considerado um crime de rebeldia as vítimas dos impostos verdadeiramente exaustivos virem reclamar, reunindo nas suas associações para protestarem.

Como se rebeldia não fôsse alguns dos que se intitulam representantes da Nação fazerem nenhum caso, não atenderem as reclamações que em movimentos verdadeiramente nacionais aqui são trazidas ao Parlamento!

Veja V. Exa., Sr. Presidente, como está claramente posta a questão neste País: dum lado, todos juntos, os Partidos republicanos, e, do outro, bem separada, a Nação.

O que aqui defendemos são os conservadores, aqueles que numa luta árdua, num trabalho de hora a hora, procuram a pouco o pouco porventura juntar o seu pé de meia.

Mas o que em nome dêsses enganam a opinião pública, conluiando-se com os políticos o prestando aos Governos serviços imorais e escandalosos, não podem merecer-nos a mínima consideração.

Sr. Presidente: queríamos ver ali um Govêrno sabendo respeitar as manifestações da opinião e que administrasse por forma a reduzir as despesas públicas, atendendo as reclamações nacionais e realizando um acto eleitoral em condições de seriedade, de modo a que do futuro Parlamento façam parte pessoas que aqui representem a vontade do País, e que, em lugar de virem dizer "pague, pague", reconheçam que há neste País uma população inteira a sofrer pelos crimes e desmandos que se tem cometido nesta República.

Queríamos ver ali um Govõrno que antes, e acima de tudo, não provocasse actos revolucionários e manifestações que não fossem ordeiras, e que melhorasse do facto as condições da vida pública.

É porque, Sr. Presidente, nos não interessam, repito, as lutas intestinas dos partidos, tenho a honra do enviar para a Mesa a minha moção, que poderá ser rejeitada por todos os lados da Câmara, mas que o País aprovará:

Moção

A Câmara, reconhecendo que só um Govêrno nacional, alheado do toda a política partidária, pode satisfazer as condições requeridas pela grave situação do país, e manifestando a sua desconfiança no actual Ministério, passa à ordem do dia.

Sala das Sessões da Câmara dos Deputados, 16 de Julho de 1925. - O Deputado, Artur Carvalho da Silva.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Lida na Mesa esta moção, foi admitida.

O Sr. Presidente: - Interrompo a sessão até as 21 horas e meia.

Eram 19 horas e 30 minutos.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão.

Eram 22 horas e 8 minutos.

O Sr. Rodrigues Gaspar: - Sr. Presidente: confesso a V. Exa. que nunca