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26 Diário da Câmara aos Deputados

Dêste modo, Sr. Presidente, demonstrado está que se trata de uma questão de facto.

Digo abertamente à Câmara o que penso, e assim devo dizer que me parece que a maior garantia que se pode dar para as eleições a realizar será exactamente estar no Poder um partido que não necessite dessa circunstância para garantir uma grande representação.

Eu creio que V. Exa. *8 não podem pôr em dúvida a sinceridade com que estou falando.

Assim, Sr. Presidente, eu devo dizer que acho, em minha consciência, que o partido que mais garantias oferece para ir para as eleições é o Partido Republicano Português, pois a verdade é que constituir-se um Govêrno onde entrem elementos estranhos a êsse Govêrno é pretender provocar complicações numa ocasião em que a República deve estar muito unida, para ir para o campo eleitoral.

Estou, Sr. Presidente, repito, a falar com toda a sinceridade, pois a verdade é que, quaisquer que fossem os elementos que entrassem nesse Govêrno, os outros diriam logo que o partido estava feito com êste ou aquele grupo para fazer eleições contrárias aos outros.

Êste é o meu modo de ver; talvez seja errado, mas confesso que é o meu modo de ver.

Á maior garantia, pois, para mim e para todos, está exactamente, repito, de que o Partido Republicano Português não necessita, para ir às eleições, dessa circunstância para garantir uma grande representação.

Sr. Presidente: - eu convenci-me de que esta Câmara, tendo declarado ao Govêrno anterior que não votava os duodécimos, por isso que desejava discutir os orçamentos, que queria na verdade dar essa prova, não deixando de cumprir êsse dever constitucional.

Vendo a atitude da Câmara, que tinha votado o orçamento do Ministério das Finanças, convenci-me de que, embora com um pouco de esfôrço, até 31 de Julho se podiam votar os outros orçamentos.

Mas houve uma proposta da oposição nacionalista para que se prorrogasse por mais quinze dias.

Não tive ocasião de dizer nesse momento que o Partido Nacionalista estava perfeitamente convencido de que temos de discutir os orçamentos.

Não quis opor dificuldades para dar mais algum tempo para que se discutisse mais amplamente.

Aqui está como a oposição me pode acusar da minha ingenuidade política, porque começo a ver que o que se pretendia não era mais tempo para discutir os grandes problemas nacionais.

O que se queria era mais tempo para se encontrar o meio de deitar abaixo o Govêrno com qualquer artifício, fôsse, como fôsse; sem razão, não importava.

O fim não era o da administração pública. O fim era o de derrubar o Govêrno.

O Sr. Cunha Leal: - Queríamos o Parlamento prorrogado até 15 de Agosto, para votarmos o Orçamento e ter mais tempo para derrubar o Ministério.

O Orador: - Estou a rir-me, porque não o tomo a sério.

O País está farto de assistir a essas scenas de os Governos não poderem governar.

Os Governos continuamente estão em, terra, e aqueles assuntos que mais deviam chamar a atenção dos legisladores, e que o País reclama há muito, são postos de lado, porque a única preocupação é tomar conta das cadeiras do Poder.

Interrupções.

Analisemos os factos que se vão passando.

Numa sessão prorrogada, quando os orçamentos ainda estão bem longe de ser aprovados, o Parlamento, desviando-se da missão principal que justifica o emprêgo do seu tempo, a mesma questão que prevalece sôbre todas as outras é a questão política.

Veja a Câmara o que foi a argumentação para êsse negócio urgente, e qual foi o seu fundamento.

Sr. Presidente: era a ordem pública, e, de tal modo foi fundamentada, que eu me convenci de que bem podia ter sido o pôr do sol, a falta de chuva, etc.

E até, Sr. Presidente, vi esta cousa extraordinária, a de se acusar o Govêrno da fuga de uns presos.

Quero dizer: um ilustre membro desta Câmara, que, ainda há dias, abandonara as cadeiras do Poder, parece ter desço-