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Sessão de 16 e 17 de Julho de 1925 29

Não se trata agora de fazer política conservadora ou radical, mas apenas de uma "questão de...

Um àparte do Sr. Amadeu de Vasconcelos.

O Orador: - Entendo. Sr. Presidente, que êste Govêrno satisfaz inteiramente aos interêsses da Nação, e que mio é possível a constituição de um outro formado por elementos com opiniões diversas. Termino, pois, as minhas considerações, convencido de que a Câmara lhe manifestará a sua confiança.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

Os apartes foram revistos pelos oradores que os fizeram.

O Sr. Manuel Fragoso: - Sr. Presidente: um dos maiores, um dos mais graves defeitos, se não o maior e mais grave de todos os defeitos dos homens públicos a quem está entregue a governação do meu País, é exactamente e de mão entrarem nunca com o País em linha de conta nas suas maquinações de ordem política. Para os políticos da nossa terra o País não existe, ou é como se não existisse. Tam cegos e tam surdos andam ao patriótico desejo de bem servir o País, que a todo o momento se esquecem da sua existência. Não o ouvem, não o vêem, porque o País só se faz ouvir algumas vezes apenas, através dos canos das espingardas quando os revolucionários vão até à Rotunda, e, se assim não fôsse, não teríamos nós assistido ainda ontem ao triste desenrolar da tristíssima comédia que nesta casa do Parlamento se representou.

Sr. Presidente: diz um provérbio latino, tantas e tantas vezes citado, que Júpiter enlouquece os homens a quem quere perder. Ah! Sr. Presidente! Há tanto tempo enlouqueceram certos mentores da política republicana em Portugal, que não sei como não estão já perdidos de todo! Se eu tivesse categoria política que me permitisse dar conselhos a êsses homens, dir-lhes-ia da minha cadeira de Deputado: recuem, que ainda é tempo. Moderem os seus ímpetos de sacrifício pela Pátria e salvem o regime republicano, salvando a Nação ao mesmo tempo.

Mas, ah! Sr. Presidente, as minhas palavras hão de cair no vácuo, hão-de perder-se no tumultuar das paixões pessoais em que vivemos. Nenhuma das facções quereria ouvir a razão, porque todos já apuraram os ouvidos para o u virem a falsidade das urnas, porque elas hão-de mentir forçosamente.

Sr. Presidente: como republicano, eu afirmo com tristeza que já no tempo da Monarquia as urnas não falavam a verdade, e hoje continuam na mesma, porque os votos não se conquistam com atitudes, com princípios afirmados, mas, simplesmente, por benesses.

Uma voz: - É por isso que o Partido Democrático tem vencido as eleições.

O Orador: - Sr. Presidente: o Sr. Sampaio Maia, ilustre e brilhante ornamento do grupo accionista, meu amigo pessoal e por quem tenho a maior consideração, pediu a palavra para tratar em negócio urgente de um caso de ordem pública, e da situação do Govêrno perante o Parlamento.

Sr. Presidente: a situação do actual Govêrno estava já esclarecida depois da rejeição da moção do Sr. Sá Cardoso.

Vejo. porém, que me enganei.

Vejamos agora o que vale o negócio urgente do Sr. Sampaio Maia.

Sr. Presidente: o discurso de S. Exa., sem qualquer desprimor, foi tam raquítico, tam enfezadinho e aleijado, que o negócio urgente vale o próprio discurso.

Falou-se no 18 de Abril.

Sr. Presidente: em minha opinião, e 18 de Abril foi um aviso que veio do céu ou do inferno - deixo isso à escolha das crenças ou do ateísmo década um - aviso tanto mais de salientar, quanto é certo que às portas da nossa fronteira, porventura, está infelizmente um exemplo fatal, da lealdade de um 18 de Abril que conseguiu vingar.

O Sr. Sampaio Maia, quási que não falou em ordem pública.

Mas, pregunta-se: o que fez o Govêrno?

Teve o cuidado de prevenir para não remediar, dando ordem de prevenção à guarnição de Lisboa, para evitar mais