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Sessão de 16 e 17 de Julho de 1925 35

assim, estranho por isso que, havendo pessoas a quem se deve em parte o nosso rejuvenescimento financeiro, se fôsse escolher o Sr. Sampaio Maia para fazer o ataque ao Govêrno, porque dentro da Acção Republicana o Sr. Sampaio Maia era que tinha menos autoridade para fazer êsse ataque.

Não apoiados.

E por esta circunstância, Sr. Presidente, é que para se justificar êste ataque se invocou a obra da Acção Republicana, obra que o Sr. Sampaio Maia esfacelou, tornando a dar vida a essa cousa escandalosa, que é a verba com que se acudiu a chafarizes.

O Sr. Sampaio Maia (interrompendo): - Não foi o Sr. Sampaio Maia; foi o Parlamento, foi V. Exa. também, que votou essa verba.

O Sr. António Correia (interrompendo): - Fui chefe de Gabinete do Sr. Sampaio Maia, e posso afirmar a V. Exas. que a distribuição dessa verba não obedeceu a qualquer favoritismo.

O Orador: - Posso declarar a V. Exa. que não votei semelhante autorização.

Sussurro na sala.

Espero que a Câmara me dê um pouco de atenção para poder continuar no uso da palavra.

Nesta ordem de ideas, Sr. Presidente, comido quem quer que seja a provar que com o meu nome se fez algum pedido para participar do bodo que corresponde a uma tal imoralidade, tam grande que, tendo concorrido gravemente para o desprestígio da República, o Govêrno de 19 de Outubro acabou com ela. Peço apenas que se compare o procedimento dêsse Govêrno com o de quem restabeleceu a imoralidade.

Sr. Presidente: disse o Sr. Cunha Leal, e. disse bem, que o País está divorciado do Parlamento. Com efeito nós estamos ameaçadoramente isolados da opinião pública.

Não quero dizer com isto que a opinião pública esteja alheada daquilo que aqui se passa. Interessa-a, mas talvez como espectador que, mais hora, menos hora, deliberará intervir para acabar com o espectáculo, que não é dignificante.

Se as questões que nos invadem, se as questões que esgotam todo o tempo, fossem para interêsse da Nação, o Govêrno não se veria acusado nesta hora.

Nos tempos que correm é utopia querer-se que os Governos venham executar programas de partido. Isso é impossível, porque o não permite a complexidade das questões. E quando se apresenta um Govêrno propondo-se conseguir a aprovação de três ou quatro questões, êsse Govêrno tem possibilidade de realizar a sua obra, e, se a realiza, o País só tem de lhe agradecer. Todavia, o que se pretende é que o País não tenha de agradecer.

Se em vez de questões particulares, de questões de interêsse partidário privado, esta Câmara se ocupasse dos altos interêsses nacionais, o actual Govêrno teria de ser olhado com apreço, porque precisamente êle veio pedir ao Parlamento que aprovasse o Orçamento Geral do Estado e mais duas ou três propostas de lei.

Nestes termos, não há o direito do negar o apoio ao Govêrno, convencidos, como todos devem estar, de que a aprovação do Orçamento é essencial ao crédito do País.

E de quem assim não procede e falta às suas afirmações, eu permito-me pensar que se deixa mover por interêsses que não pode declarar.

O Sr. Sá Cardoso: - Repita V. Exa., faz favor.

O Orador: - Dizia eu que, tendo-se feito a afirmação de que a aprovação do Orçamento é essencial à marcha do País, não se compreende que se negue o apoio-a um Govêrno que tal pretende, a não ser por interêsses que se não podem declarar.

O Sr. Álvaro de Castro: - Há muita tempo que assim se pensa; só V. Exa. é que agora pensa dessa forma.

O Orador: - Mas dizia eu que quando se faz uma declaração dessas não se compreende que se negue o apoio ao Govêrno, a não ser que haja qualquer interêsse privado.

Creio que nisto não há nada desprimoroso nem para V. Exa. nem para qual-