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Sessão de 16 e 17 de Julho de 1925 77

E embora haja um certo número de pessoas a quem aparentemente parece não impressionar as questões que sugerem, o que é certo é que elas não deixam -de sentir os efeitos dessas mesmas sugestões.

Assim, estas palavras que estou proferindo, e que tantos ouvem com um mal afivelado e contrafeito sorriso, e que ainda tantos outros procuram teimosamente não ouvir, hão-de forçosamente calar no ânimo de todos e fazer essa obra lenta de amadurecimento.

Pausa.

Sr. Presidente: como ia dizendo, estou convencido de que adentro da consciência de alguns se hão-de fixar, pelo menos, algumas das afirmações morais que aqui formulei sem dependência de nenhuma espécie de interêsse imediato ou satisfações próximas, estando certo o seguro de que na sua consciência há, a surgir como num relâmpago, a convicção de que tenho razão quando afirmo de que acima "das nossas paixões estão os supremos interêsses da nossa Pátria.

Tenho dito.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Agatão Lança: - Sr. Presidente; quando na parte da sessão que há longas horas vem arrastando-se nesta Câmara fazia uso da palavra o meu amigo e ilustre Deputado Sr. Vasco Borges, aludiu, e muito bem, S. Exa. à circunstância de ser o Sr. Sampaio Maia aquela pessoa que neste momento, depois de ter feito parte do Govêrno do Sr. Vitorino Guimarães, menos autoridade tinha para apresentar nesta Câmara o negócio urgente sôbre a ordem pública.

Efectivamente, Sr. Presidente, não houve nenhuma alteração de ordem pública na cidade de Lisboa, nem consta que em nenhuma parte da continente da República de seus domínios ultramarinos qualquer espécie de alteração de ordem pública se tivesse produzido. Apenas há dois ou três dias houve uma dessas vulgares prevenções da fôrça armada, facto êste a que nós todos já nos vimos habituando.

O ilustre Deputado Sr. Sampaio Maia fez parte de um Govêrno que se assustou com o facto simples e já conhecido do desarmamento de uma companhia da guarda fiscal que havia sido ordenado superiormente; fez parte do mesmo Govêrno em que se deu um assalto ao Quartel General e em que meia dúzia de oficiais ou de indivíduos vestidos com uniformes de oficial pretenderam, de facto, alterar a ordem pública. Mais tarde pertencendo ao mesmo Govêrno, num momento mais grave, esteve em face de um movimento em que um núcleo de fôrças mais importante se apossara de pontos estratégicos da cidade, procurando alterar a ordem pública.

Nestes termos, o Sr. Sampaio Maia devia ter uma noção mais clara e precisa do que seja uma alteração de ordem pública.

Nenhuma dessas cousas que se deram no seu Govêrno tiveram qualquer similar com os acontecimentos que se deram desde que naquelas cadeiras se encontram os homens de prestígio que actualmente lá estão.

S. Exa. apenas teve o intuito de, com um negócio urgente, q"e nada justifica, fazer sair do Poder o actual Govêrno.

E então, Sr. Presidente, todos nós admiramos a pressa com que S. Exa. queria ver realizado o seu negócio urgente.

Era tal a sua ansiedade que se poderia supor que S. Exa. desejava ascender outra vez ao Poder.

E nisto, Sr. Presidente, não vai a menor sombra de ofensa para S. Exa., porque sou o primeiro a prestar a minha homenagem às intenções patrióticas do Sr. Sampaio Maia, à sua inteligência, ao seu muito saber e à dedicação com que S. Exa. costuma servir a República e o País em todos os lugares de destaque a que as suas qualidades lhe dão direito.

Mas, Sr. Presidente, o Sr. Sampaio Maia, na sua exagerada pressa, motivada, apenas, repito, pela sofreguidão que S. Exa. tem pelo Poder, ou pelo desejo de ver realizado qualquer pacto, se é que o tem, com os seus correligionários, nem sequer quis esperar pela vinda do Sr. Presidente do Ministério.

Sim, S. Exa. não esperou a vinda do Sr. Presidente do Ministério para apresentar o sen negócio urgente, e alguns minutos depois de o ter apresentado