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Sessão de 16 e 17 de Julho de 1925 79

Mas, Sr. Presidente, esta pressa do Sr. Sampaio Maia leva-me a mim próprio a duvidar da sinceridade com que ataca e pretende derrubar êste Govêrno. Porque, se efectivamente o Govêrno é nefasto aos interêsses do País, um Govêrno em cujas mãos os destinos da República não estão seguros, então em muito pouca couta tem o ilustre Deputado os sentimentos republicanos dos seus aliados que o são, dos sentimentos patrióticos daqueles que, embora não sejam republicanos, se têm mantido dentro desta Câmara com uma persistência nunca vista para derrubar êsse Govêrno.

Afigura-se-me que se o Govêrno é tam mau como o Sr. Sampaio Maia nos quis fazer ver e acreditar, todos aqueles que são patriotas, que põem acima de tudo os superiores interêsses da Nação, e não digo os superiores interêsses da República, visto que nem todos êles no campo republicano militam, não duvidariam ter mais duas horas de sacrifício.

Não deviam recear perder um ou dois dias na capital, ficando aqui a cumprir o seu dever de servir a Nação; não o compreendeu assim o Sr. Sampaio Maia.

Seja como fôr, a consideração que o ilustre Deputado tem nas pessoas que querem derrubar o Govêrno, os seus aliados que lhe agradeçam.

O Sr. Sampaio Maia e o Sr. Pedro Pita ficam com o direito de julgar os seus adversários como entenderem.

Eu julguei que os Srs. Deputados punham de parte os seus negócios particulares para virem aqui durante alguns dias tratar dos negócios da Nação.

Sr. Presidente: eu não compreendo certas atitudes, e, de mais a mais, quando têm a apoiá-las certas individualidades que têm um passado glorioso de serviços prestados à Nação e à República.

É, pois, lamentável que o ódio político, a ambição ou facciosismo façam com que se tomem atitudes que podem ter as mais graves consequências para a vida da República e para os interêsses do País.

Sr. Presidente: V. Exa. sabe, e o País não ignora, que a República, desde o Monsanto, esteve sem orçamentos aprovados. Foi o Sr. António Maria da Silva quem num dos últimos anos conseguiu que essa discussão se fizesse.

Foi o seu Govêrno o único que conseguiu fazer votar os orçamentos. Lembro a V. Exa. e à Câmara a persistência e acção enérgica dêsse ilustre Presidente do Ministério para, através de consecutivas sessões diurnas e de longas sessões nocturnas, que terminavam às 7 e 8 horas da manhã, conseguir que fossem votadas e discutidas as contas do Estado. Depois da queda dêsse Govêrno nenhum outro ainda, salvo êrro, conseguiu tal. Devo dizer bem alto - e oxalá que a minha voz pudesse entrar naqueles ouvidos que têm estado tapados, quando se trata dos altos interêsses nacionais, que será mais um crime que êste Parlamento terá sôbre si, se se encerrar sem que seja discutido e votado o Orçamento Geral do Estado. Quero chamar a atenção de V. Exa., Sr. Presidente, e dos meus ilustres colegas adentro desta casa do Parlamento, para o facto de haver tanto interêsse em derrubar um Govêrno que ainda não deu provas, e que não tem, portanto, de que o acusem.

Talvez que alguns Deputados que nunca frequentam esta casa do Parlamento, mas que estão aqui há dezenas de horas isso façam pelo prazer doentio de derrubar um Govêrno de bons, sinceros e competentes republicanos, porque talvez S. Exas. não queiram que a República se prestigie e o Parlamento se glorifique. Pareço efectivamente - com mágoa o constato - que há receio da parte das oposições parlamentares que da acção pertinaz dos homens que actualmente se encontram nas bancadas do Govêrno, e sobretudo daquela conhecida persistência do seu chefe, resulte uma obra profícua para o País, e que venham a votar-se os orçamentos.

O Sr. António Dias: - É essa uma das bases do nosso crédito.

O Orador: - Diz V. Exa. muito bem. Todos nós sabemos como é importante para o nosso prestígio financeiro, não só interno como internacional, a votação ou não votação das contas do Estado. Pois, apesar disso; viemos transviados alguns dos velhos republicanos

Vemos desviados do caminho que lícito era esperar que trilhassem homens que têm prestado relevantes serviços ao sou pais. E, triste é dizê-lo, á tudo fecham