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78 Diário da Câmara dos Deputados

S. Exa. levantava-se para dizer que, se o Sr. Presidente do Ministério não viesse à Câmara até determinada hora, trataria perante a Câmara do assunto que desejava versar.

Foi mais longe ainda o ilustre Deputado na pressa de ver reunida em volta do seu negócio urgente toda a oposição.

S. Exa., que costuma ser uma pessoa correctíssima, chegou a dizer que o Sr. Presidente do Ministério, avisado de que era reclamada a sua presença, se, não tinha vindo era porque procurava fugir ao seu dever.

Queria dizer o Sr. Sampaio Maio. que o Sr. Presidente do Ministério ia cometer para com a Câmara aquela mesma falta de consideração que êle próprio, ilustre Deputado, tinha cometido para com o Sr. Presidente do Ministério.

Não, Sr. Sampaio Maia : V. Exa. para fazer vingar o seu negócio urgente, para vir reunir em volta do mesmo todas as oposições que há longos dias se vinham formando para derrubar êste Govêrno, à tort et à travers, talvez porque é o Govêrno que tem junior número de republicanos históricos, republicanos que já o eram antes de 5 de Outubro do 1910, depois dos Governos de 1912 a 191$ para cá.

Talvez seja essa a razão por que tam apressadas andaram pessoas que a esta Câmara não vêm há longos mese!

Talvez seja essa a razão da dedicação é constância a esta Câmara de Deputados da extrema esquerda à extrema direita, que têm vindo diariamente, que têm acompanhado hora a hora, minuto a minuto, os trabalhos parlamentares; com uma assiduidade que muito seria para louvar se S. Exa. a assim tivessem sempre praticado e procedido, da mesma maneira tivessem, dado a mesma assistência aos trabalhos desta Câmara, através dos longos meses em que ela vem funcionando.

Mas não, Só agora, que um Govêrno é constituído de republicanos ilustres, do homens honrados e dignos, republicanos da Velha guarda, é que se verifica a presença dos elementos mais heterogéneos sob o ponto de vista político, adentro, e fora da República, para conseguirem derrubar êsse Govêrno o mais ràpidamente. que lhos seja possível.

Mas para isso não precisava o Sr. Sampaio Maia de ter cometido a injustiça de acusar indefidamente e torcendo aquela verdade, pois eu suponho que S. Exa., apenas por um exagerado faceio s is mo político, pôs de parte momentaneamente as provas que poderia apresentar; não precisava S. Exa. de usar êsses meios e muito menos ainda precisava S. Exa. de ameaçar, com o aplauso dos seus amigos e aliados, do vir realizar um negócio urgente, a urna determinada hora, mesmo que não estivesse presente o Sr. Presidente do Ministério, o que é contra as praxes regulamentares, o que, Sr. Presidente, nunca se tem feito nesta Câmara.

Tenho eu uma autoridade especial para condenar a atitude daquele ilustre Deputado, porque mais de uma vez nesta Câmara eu tive a honra de usar da palavra em defesa da velha praxe parlamentar de não se discutirem negócios urgentes sôbre a ordem pública sem estarem presentes os Srs. Presidente do Ministério e o Ministro do Interior.

Há ainda alguns meses, estando no Poder um Govêrno de que de certa altura em diante discordei aberta e profundamente, Govêrno que entendi não podia continuar à frente dos negócios do Estado, sem então haver uma séria e gravo ameaça da ordem pública, foi pôsto o negócio urgente nesta Câmara, e eu, que discordava do Govêrno, ou, que entendia que efectivamente nessa altura em que alguns factos graves se tinham darto nas ruas de Lisboa, nessa altura em que entendi eu e a Câmara que era necessário pedir explicações ao chefo do Govêrno, no em tanto, defendi o princípio de que não se podiam apresentar negócios urgentes sem que o Sr. Presidente do Ministério estivesse na Câmara.

A nada, porém, o ilustre Deputada quis atender.

S. Exa. tinha receio de que o dia de hoje passasse, tinha receio certamente de que não, só pudessem manter por mais tempo aquela aliança evidente, aqueles entendimentos bem claros que, ressaltando aos olhos de todos, têm sido feitos entre as variadas oposições ao Govêrno, para concentrarem nesta Câmara todas as suas forças para que no momento oportuno -, e este é sempre tardo - fosse votada uma moção de desconfiança.