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10 Diário da Câmara dos Deputados

tidade de discos, no prazo referido de um ano.

Dizem-me mesmo - o suponho que não estou longo da verdade! - que nem em dez anos a Casa da Moeda fabricará as moedas referidas.

E vejam V. Exas. como o que se tem passado, nos autoriza a tal afirmar!

Mas há mais, Sr. Presidente; o refugo da moeda é em tam grande quantidade que não exagero dizendo que do trabalho normal e do trabalho anormal, feito em serões, resulta uma depreciação do 30 por cento.

Êsses serões são pagos a dobrar, e então veja a Câmara por quanto fica o refugo da moeda!

Se isto assim continuar, se o Sr. Ministro das Finanças não lançar um olhar a esta situação, eu sei que se daqui a algum tempo nós fizermos um balanço ao "devei- o "haver", encontraremos na coluna do "deve" uma cifra maior do que no "haver".

Em resumo: essa verba, hoje computada em 10.000 contos, tende a aumentar, e ainda não se realizou um centavo a favor do Tesouro Público.

Se V. Exa. adicionar a esta verba a outra verba, que resulta da diferença cambial, veja a quanto monta!

Da diferença da situação cambial não há só vantagem para o Estado, há também por contrapartida uma desvantagem, que é o aumento da receita-ouro do Estado, que no ano passado produziu menos escudos 40 por conto.

Sendo isto assim, porque estamos a fazer desposas a mais, despesas embora do certo modo aconselháveis, mas adiáveis?

Há certos espíritos que, estão muito altos, e não vêem estas cousas, que parecem comezinhas, modestas o simples.

Pausa.

O Orador: - Sr. Presidente: é certo que estou disposto a falar, mas, se há na sala quem, não esteja disposto a ouvir-me, é melhor que se retire para os corredores e não perturbe o meu raciocínio.

O Sr. Presidente: - Chamo a atenção da Câmara e peço aos Srs. Deputados que não conversem alto na sala.

O Orador: - Temos de olhar também para a enorme riqueza formada pelas estradas carreteiras, onde, estão enterrados milhões de contos de réis.

As verbas inscritas todos os anos são consumidas pelo pessoal assalariado o permanente, e pouco só gasta com pessoal contratado.

Sôbre esto assunto há uma medida acertada do Sr. António Maria da Silva, que estabeleceu a importância de 5 contos fortes por ano para dotação das estradas, e, estando uma voz dotada uma estrada, no ano seguinte era autenticamente dotada.

Assim, sem se sentir, nós íamos progredindo; mas, hoje, êsses 5 contos não chegam para 100 ou 200 metros de estrada.

Sr. Presidente: sou tam fácil de contentar que já mo dava por satisfeito se visse um Govêrno encarar de frente êste problema.

E, Sr. Presidente, rio-me de amargura quando vejo planos pomposos de fomento, quando vejo directrizes fantásticas de fomento, quando vejo orientações transcendentes de fomento, porque êsses ilustres estadistas não se lembram que o A B C das cousas não está feito.

Então S. Exas. pensam, porventura, em alargar a nossa rede ferroviária, sem terem, estradas carreteiras que sirvam essas linhas?

Utopia no caso, Sr. Presidente.

S. Exas. não sabem que estamos muito mal preparados para a exploração ferroviária normal, porque nos falta material circulante?

Eu sei, Sr. Presidente, que por conta daquele malfado crédito do 3.500:000 libras foi requisitado algum material ferroviário, mas êsse material é ainda muito deficiente, porque durante muitos anos êle, não foi renovado ou adquirido qualquer outro em estado de novo.

Foi esta a razão principal por que as linhas ferroviárias acusaram um déficit avultado, e se se actual momento êsse serviço autónomo está em vésperas do ter o seu orçamento equilibrado, é isso derivado dos enormes encargos que ainda hoje pesam sôbre o contribuinte, por virtude das tarifas elevadas.

Veja V. Exa., Sr. Presidente, que paradoxal procedimento êste.