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Sessão de 12 de Agosto de 1925 23

Entregue a esta missão altíssima que a, mim próprio impus de só à Pátria me consagrar, eu continuarei a servir o meu País e a ser um soldado fiel defendendo a República, sem um momento esquecer que cumpro o meu dever.

Ora se um pobre filho do povo como eu, inspirado nas medidas mais avançadas, tem êste ponto de vista, como se compreende que homens de inteligência muito maior do que a minha e de instrução mais vasta, homens que tomaram compromissos que eu não tomei, podem discordar da minha forma de apreciar o assunto!

Sr. Presidente : muitas vezes ouvi dizer que o Sr. General Sinel de Cordes tinha feito o seu juramento de fidelidade ás instituições republicanas.

Sr. Presidente: como é triste, como é desgraçado, tudo quanto se passa neste País!

Ah! Sr. Presidente! Como vão longe os dias grandiosos, cheios de fé, os dias de História, em que propagandeámos a República, como a única maneira do salvar a nacionalidade, que a Monarquia havia abatido e colocado às portas do cataclismo!

Sr. Presidente: pertenço ao número dos homens que nunca deram por mal empregado o seu esfôrço em defesa das instituições republicanas. Isto para a minha honra é alguma cousa mais do que um bocado do gesso!

Eu sei, infelizmente, que há muita gente para quem a República é ainda uma palavra vã, e muita gente também para quem a República não passa de ser um nada. Mas êsses pouco ou nada me importam. Os únicos em que penso, aqueles para quem vai todo o meu afecto, aqueles para quem vai sempre o meu amor e a minha mais alta consideração, são os do povo, é o povo que fez a República, é o povo que através de tudo mantém a República.

Sr. Presidente: quando em 19 de Janeiro eu assisti à escalada de Monsanto, verifiquei que nas primeiras horas de combate o número de oficiais, de sargentos e de soldados que pela República se batiam era reduzido. Lá estavam, porém, os heróis dos marinheiros, homens que nunca faltam na hora própria ao cumprimente sagrado do seu dever.

Ah! Sr. Presidente! Como me dói o coração, como se me confrange a alma ao lembrar-me que êsses homens andaram, contra sua vontade, meia dúzia de dias arrastados por uma revolução que êles não podem perfilhar (Apoiados) revolução que vem a ter a sua continuação - embora alguns digam que não- nessa negregada jornada que foi o 18 de Abril!

Eu vi, nessa ocasião, da escalada de Monsanto, bater-se, ao lado dos heróicos marinheiros, essa brava guarda nacional republicana, que agora, nas horas trágicas e negras do 18 de Abril, foi quem mais valeu e lutou pela salvação da democracia.

Apoiados.

Como faz bem ao meu coração, à minha alma, eu ter de fazer aqui, nesta hora, justiça a todos êsses que cumpriram honradamente o seu dever, embora tenha de condenar os que faltaram ao cumprimento da sua palavra.

Os últimos não são demais para êles todas as palavras de reprovação e de protesto. Numa hora, não direi de loucura, mas de crime, arrastaram-se até ao Parque; mas, Sr. Presidente, não se lembraram dos heróicos marinheiros, da guarda, dos seus bravos comandantes, das baterias de artilharia n.° 3, de todas as sentinelas, emfim, que estão sempre vigilantes o prontas a pugnar pelo triunfo da democracia!

Apoiados.

Não posso deixar de registar o esfôrço heróico da guarda republicana, o esfôrço heróico das baterias de artilharia n.° 3 e das outras fôrças do exército.

Apoiados.

A todos presto a minha homenagem, rendo o meu agradecimento, sentindo que as minhas pobres palavras não tenham aquele entono que deviam ter para exaltar o bom serviço que a esta pobre Pátria prestaram êsses honrados soldados da República. Êsses heróicos soldados bem sabem que são a única garantia da Pátria e da República, tam mal servida por alguns homens. Êles bem compreendem que, só esta República desaparecesse, Portugal não teria mais dias de existência.

Apoiados.

Não posso esquecer o exército, que se bateu pela República, pela vigésima ou trigésima vez.