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24 Diário da Câmara dos Deputados

Quando a República se proclamou, os monárquicos diziam que a proclamação da República fora uma obra do acaso, que a República não estava no sentimento do povo português, que ela não se poderia manter, que o País não a queria, E tam convencidos estava os monárquicos de que a República não correspondia às aspirações do País, que em Outubro de 1911 apareciam no norte meia dúzia de civis empunhando armas, acompanhados por alguns soldados que os monárquicos haviam conseguido enganar para derrubar a República. Mas aos primeiros tiros do exército e do povo republicano os monárquicos fugiram. A intentona do 1911 não conseguiu triunfar, portanto.

Mas os monárquicos continuaram convencidos de que o País é profundamente monárquico. Por isso, tendo-se armado em território estrangeiro, fizeram a invasão de Chaves, não duvidando vir assassinar os acua irmãos do Portugal.

Mas. Sr. Presidente, a que assistimos nós?

Assistimos a êste caso verdadeiramente épico, em que um tenente à frente de trinta praças de infantaria, quando interrogado a quando das incursões, se se rendia, respondeu: diga a Paiva Couceiro que não me rendo.

Os meus homens têm muita honra em serem varados pelos inimigos da República e da Pátria.

Sr. Presidente: nunca para derrubar a monarquia em Portugal fomos buscar elementos ao estrangeiro.

E, quantas ofertas de dinheiro se fizeram aos vários directórios do Partido Republicano Português!

Sr. Presidente: os republicanos, sempre honestos e patriotas, na sua propaganda apenas mostravam ao povo a conveniência que havia em se substituir o regime.

Nessa obra admirável, eu lembro-me de lentes da Universidade, como José Falcão, de homens eminentes como Rodrigo de Freitas, Sousa Brandão e Elias Garcia.

Êste, na sua passagem pela Câmara Municipal de Lisboa, deixou uma obra que jamais se apagará da nossa memória.

Nunca êsses homens eminentes foram além fronteiras buscar elementos para a sua propaganda, não devendo esquecer

dois grandes vultos, como Afonso Costa e António José de Almeida.

Sr. Presidente: eu não posso ficar toda a vida a enumerar os nomes de todos os homens que neste país trabalharam pela República.

Todavia, não quero ainda esquecer os nomes do Oliveira Martins e Leão de Oliveira, o último dos quais não só deu o seu máximo esfôrço, como deu grande parte da sua fortuna para o serviço de uma causa que era a salvação da Pátria Portuguesa.

O que eu lamento verdadeiramente, Sr. Presidente, é que não haja o respeito devido por êsses homens que tanto se sacrificaram pela República, ao ponto do deixarem a família sem pão.

Isto é o que eu não compreendo, nem posso compreender de maneira nenhuma. Não, Sr. Presidente, eu não compreendo que êsses homens que fizeram e 18 de Abril, oficiais do exército que tem a obrigação restrita de manter a ordem, assim pretendessem assassinar a República, pois na verdade outros intuitos não tinham, a meu ver, se bem que me possam dizer o contrário.

Não, eu não posso do maneira nenhuma dar o meu voto a semelhante proposta, vendo-me na obrigação até de a combater, e combatê-la hei em quanto tiver fôrça, para ficar bem com a minha consciência, visto que não concordo, nem posso concordar de maneira nenhuma, com o que se pretendo.

Eu devo dizer em abono da verdade, que mais digno considero Paiva Couceiro, pois na verdade êsse despiu, a sua farda para depois ir conspirar contra a República, o que só não dá com o Sr. Raul Esteve?, que se bom que tivesse declarado por diversas vezes que nunca entraria em movimentos revolucionários contra a República, foi para o movimento do 18 de Abril levando consigo grande número de soldados.

Não, não pode ser, pois felizmente no país ainda há gente com vergonha.

Não, Sr. Presidente, eu não posso de maneira nenhuma dar o meu voto a semelhante projecto, muito principalmente tratando-se de homens, como já disse, que só tinham em vista assassinar a República, tanto mais quanto é certo que esta República que nos serve tem a sua Consti-