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Sesscío de 27 de Abril de 1920

Agita-se um grande desrespeito para com a República, porque os monárquicos contam com a imbecilidade da Repú-blica em defender-se quando triunfa. (Apoiados). Contam com isso esses monárquicos que fizeram as maiores perseguições contra os republicanos, que praticaram contra a República, as maiores infâmias.

Sr. Presidente: £ querem a revisão dos processos ?v .

Tome-se então conta das declarações que aqui se fazem.

Querem a revisão dos processos? Vamos fazê-la, mas quando nos falem em indultos, nós diremos que a justiça da República é que deve ser indultada, e esta qúere o castigo dos criminosos sejam eles quem forem.

Vozes: — Muito bem. O orador não reviu.

O Sr. Eduardo de Sousa: — Sr. Presidente : pedi a pá lavra pára dizer, a V. Ex.a e à Gamara que, apesar de tudo o que acaba de dizer no seu inflamado discurso o Sr. Júlio Maftins, não retiro nenhuma das afirmações que fiz acerca do professor Paulo Marcelino Dias de Freitas, pessoa que eu conheço há muito.

O -sindicante não terminou o seu relatório, e ea devo, neste momento, levantar a afirmação que aqui foi há pouco feita pelo Sr. Júlio Martins, de que eu o ii-nha acusado de haver demitido esse ilustre professor.

Tal não disse Sr. Presidente; o que" eu afirmei foi que S. Ex.a, qnando Ministro do Comércio, tinha-o suspendido das suas .funções.

S. Ex.* fez esta afirmação ctím o calqr da palavra tam peculiar à sua habitual forma de tribuno, para se dar aparências de pulverizar uma afiriHação que não fiz; Esgrimiu contra moinhos de vento, ó que não admira, visto S, Ex.a es-quecer-sé frequentemente que esta casa não'é de comícios* mas a casa do Parlamento da República. Falou ainda S. 'Ex.a em quem, por vpntura, justiça tenha. Isso sim.

Noto que se falou aqui muito . em República, justiça e em termos que pareciam querer dar a entender que eu fosse por ventura delegado dos monárquicos.

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O Sr, Manuel José da Silva (Oliveira de de Azeméis (interrompendo):—Ninguém fez tal insinuação.

O Orador:—;Ainda bem, porque mei dispensará de lembrar todo o direito que tenho pela minha tradição política e pessoal para invocar o nome da República.

Vozes :^—,Todos, todos.

O Orador: —r Quando falo em defesa de direitos postergados, não só porque venho dos tempos heróicos das lutas contra a monarquia) condenado como fui pelos conselhos de guerra de Leixões em 1891, mas ainda por que .nas minhas mãos firmes e liais mantive intrepidamente o estandarte da República na luta contra o dezembriêmo, lembro-me de que, tantos que falam agora tam ardentemente contra dezembristas e monárquicos, ou estavam ao lado do dezembrismo, ou se calavam inteiramente para só falarem depois de Monsanto. . Tenho dito. .

O Sr. Cunha Liai:—A uma das mais altas figuras da República, neste momento, ouvi dizer que nós os republicanos to-niainos uma atitude para com os monárquicos parecida com a daqueles criados duma casa monárquica que mesmo depois de enriquecidos ao passarem junto do patrão fidalgo respeitosamente lhe tiravam o chapéu.

Isto é deprimente, e eu sinto tanto como aqueles que' mais republicanos são, que não devemos assumir esta atitude de" vergonhosa subordinação em que nós/ republicanos, sempre nos colocamos diante dos monárquicos. (Apoiados).

Desta forma os republicanos assumem, efectivamente, uma atitude vergonhosa e, para maior vergonha nossa, são até os monárquicos que marcam a hora em que lhes devemos dar a amnistia, ou o indulto, parecendo que a opinião pública e a imprensa fazem à volta disto um mistério tam grande, que chegados a essa hora somos forçados a ceder.