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Sessão de 9 de Dezembro de 1918 9

caram para levar o país à guerra e colocá-lo ao lado dos aliados?

O Sr. Presidente: — Vou consultar a Câmara sôbre se entende que a moção do Sr. Machado dos Santos tem duas partes distintas, sendo a última um projecto de lei.

Consultada a Câmara, pronunciou-se pela divisão da moção em duas partes.

O Sr. Presidente: — Vai-se votar a primeira parte da moção.

Posta à votação a primeira parte da moção, foi aprovada.

O Sr. Presidente: — Vai ler-se a moção do Sr. Eduardo Faria.

Leu-se:

Moção de ordem

A Câmara, em sinal de comemoração e regozijando-se pelo triunfo da causa dos aliados, resolve enviar aos Parlamentos dêsses países a expressão mais sincera e calorosa da sua saudação.—Eduardo Ernesto de Faria.

Posta à votação foi aprovada.

O Sr. Presidente: — Vai ler-se a moção do Sr. João José da Costa.

Leu-se.

Moção

Chegado o momento em que Portugal, tendo comprido o seu dever de Nação que sempre lutou pela Justiça e pela Liberdade, pode proclamar bem alto que o seu esforço heróico e o patriotismo nunca desmentido dos seus filhos lhe vincou no austero livro dá História um lugar glorioso no conserto mundial, melhor ensejo não podia deparar-se-nos para toda a família portuguesa se congraçar; e

Considerando que, só pelo trabalho profícuo, as nacionalidades se podem impor, e que êsse trabalho mais indispensável se torna agora, ao terminar vitoriosamente a grande guerra, em que triunfaram os sagrados princípios da civilização contra o despotismo;

Considerando que o dia 11 de Novembro de 1918 trouxe ao mundo, com a assinatura do armistício, a aurora de paz que veio rasgar os novos horizontes do amor fraternal para todos os povos que aspiram ao progresso e ao bem comum;

Considerando que a todos os Govêrnos compete a mais rápida solução possível dos importantes problemas sociais;

Considerando que a perda de muitos milhares de homens, durante êsses quatro anos de luta gigantesca, santificou as conquistas do direito humano;

Considerando que as indústrias, representativas de largos anos de labor, sofreram os mais rudes golpes com as invasões dos bárbaros, que só estavam empenhados na destruição dos grandes tesouros das nações civilizadas, como a preciosa biblioteca de Louvam;

Considerando que, para começo da normalidade da vida nacional, se impõe o imediato barateamento dos transportes de todo o género;

Considerando que se torna da maior urgência que o comércio e a indústria reentrem na sua actividade desafogada, o que só se poderá conseguir com a facilidade de comunicações, diminuição do custo dos artigos importados e dos produtos próprios;

Considerando que o alto comércio pode e deve auxiliar o pequeno comerciante, facilitando-lhe a abertura de créditos, isto é, que os banqueiros protejam o comércio, a indústria e a agricultura, habilitando-os à mais expansão dos seus ramos de vida, o que trará imediatos benefícios públicos e, conseqùentemente, o desenvolvimento da riqueza nacional;

Considerando que todos os esforços empregados neste sentido constituem a melhor prova de que todos os portugueses se encontram unidos para a grandiosa obra do bem geral:

A Câmara resolve:

Solicitar do Govêrno que promova á cultura de todos os terrenos incultos, para se evitar quanto possível, num futuro próximo, a importação de trigo e de milho;

Lembrar ao operariado digno e trabalhador que, hoje mais do que nunca, só pelo seu patriótico impulso se poderá desenvolver convenientemente a construção civil, pois só uma nação que trabalha se pode equilibrar e progredir;

Instar pela reconciliação de todos os portugueses, unindo-se os partidos perante o sagrado altar da Pátria, na mesma idea levantada e nobre de a defender e servir de alma e coração;