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Diário cias Sessões do Senado

O povo do Algarve, para evitar a fome, começou a vir ao Alentejo comprar trigo.

Sr. Presidente : acaba de tifirciar o ilustre Senador José Jacinto Nunes que ?e tem comprado trigo a $50 o quilograma e eu sei que assim é.

O lavrador que, era face da lei, só podia vender ao Governo, que o não comprou om devido tempo, viu-se forçado a vendê-lo £io comprador algarvio, ~tara poder satisfazer os seus encargos.

O distrito de Beja tem vendido os seus trigos. Já pouco cereal ali existe. Lsto ó um facto para que eu chamo a atenção de S. Ex/

Todos os vendedores e compradores estão fora da lei, mas os algarvios não podiam passsr sem trigo e o Alentejo não podia deixar de o vender para adquirir o adubo indispensável para as suas sementeiras.

fs O que pensa S. Ex.a fazer prrr.nto esta situação anormal?

Todos venderam os seus trigos. Eu também vendi algum, repito; o que pons.i S. Ex.a fazer? Em mandar toda esta gente para a cadeia? Ou regular í. situação criada principalmente pela greve ferroviária, acabando com as tabelas?

Desde que vamos lá fora comprar o trigo a 080, não devemos obrigar o lavrador a vendê-lo a 636.

O intermediário e a moagem auferem lucros excessivos, c o consumidor compra o pão sempre mais caro que as tabelas.

Sr. Presidente, para termos tabelas, que se não podem cumprir, acho preferível que o Sr. Ministro da Agricultura us derrogue e obrigue aqueles, que sãoassfm-barcadores de trigo, ou outras mercadorias a expô-los à venda.

Feitas estas minhas considerações, õo-claro que voto este crédito, apesar de avultado.

É possível que ele não chegue para dois meses, conforme declarou o Sr. Ministro da Agricultura; principalmente se os nossos câmbios continuarem a agravar-se. Voto o tambêir porque S. Ex.a o Sr. Ministro me merece toda a consideração e confiança.

O Sr. Ministro da Agricultura (Joào Gonçalves): — Agradeço as palavras de

consideração e estima dos ilustres Senadores que acabaram de falar, e devo dizer que S. Ex.a8 procuraram desuar-me para um assunto que não é "verdadeiramente aquele que esta em discussão.

O Sr. Constando de Oliveira chamou a minha atenção para a liberdade de comércio, e se o crédito dos 50:000 contos era para, acudir a necessidades imediatas, ou se é só para aquisição de trigo.

S. Ex.a tocou no problema que tal-vôs mais chame a minha atenção e que ó sem dúvida, um dos problemas mais difíceis de resolver.

O que se legisla hoje, deixa de ser bom amanhã, fazem-so leis transitórias, mas isto é o que sucede lá fora também.

Eu nunca fujo ao campo a que sou chamado,. Respondendo aos desejos de S. Ex.a direi que não é com estes 50:000 contos que eu poderei ir buscar os géneros de primoira necessulc de.

S. Ex.a sabe; estabeleceu se o regime da conversão de preços, e justiça devo fazer a esse homem que teve a coragem de o fazor, Era necessário que desse as suas provas. Passou-se depois desse regime à liberdade de comércio, oue eu sempre condenei, porquanto entendo que a única possibilidade que temos era entrarmos em concorrência; o Estado pode concorrer, ou então tabelar, dando a possibilidade de lucros mais remuneradores. Assim, por exemplo, na colhoita do arroz, o Estado chama a si parte, pagando ao agricultor por preço remunerador e deixando a outra parte livre.

Com srtisfação direi que estas ideas minhas não são de hoje. hão de há largo tempo; o que receio somente ó que aqueles estabelecimentos fornecidos pelo Estado não cumpram o seu dever para ganhar o diferencial.

Eis a minha orientação a traços largos, e se eu puder adquirir, pode V. Ex.a ter d certeza que não hesitarei em abastecer o mercado com armazéns reguladores fornecidos pelo Estado, em competência com o comercie livre.

50:000 contos é muito; 50:000 contos não é nada.