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Diário 'das Sessões do Senado

gia, conseguindo-se, depois, apenas por alto preço, com enormes dificuldades, por favor e de chapéu na mão.

Vejam o que se deu ultimamente com o azeite: havia em todo o país quanto quizesseni ao preço exageradíssimo de 4000, 4$80 e 5$00.

éPor ser caro, caríssimo, pois nada justifica este preço, o que se fez?

Tabeloa-se. Racionou-se.-

E o tabelamento lá se foi mais uma vez por água abaixo, porque nem o comissariado fornece o suficiente ao racionamento, nem aparece à venda, a não ser clandestinamente e por preço fabuloso. Até nas cooperativas e nas cantinas militares, desrespeitando o diploma que regula a tabela do azeite, o vendem por preço superior ao que aquela estabelece. E muito bem, porque disposições absurdas, arbitrárias., despóticas, não se cumprem. E, quanto a mim, esse tabelamento é ilegal, iíógico e iliberal.

Keconheceu-se e reconhece-se esta incontestável verdade, evidenciada por factos de todos os dias; mas não há a superioridade de emendar o erro, de corrigir o mal. (Apoiados). • •

Kacionar uni género que não podem dar, que não garantem, é uma luminosa extravagância ou uma inocente infantilidade.

j Não tinham onde ir buscar azeite para garantirem o abastecimento ao país e tabelaram-no a 2$80, salvo o erro l

O Sr. Silva Barreto:—A 2$90.

O Orador: — Ou seja a 2$90. Para o caso tanto faz. O que admira ó que não o tivessem racionado e tabelado a $10, por exemplo. Se tanto no-lo garantiram a 2(590 como a $10, visto que o litro que pertence a cada pessoa por mês é azeite teórico, ao menos sempre o tínhamos, embora teórico também, por um preço ideal. Assim. a $10, quando, daqui a anos, esquecidos desta desgraça, compulsassem o Diário do Governo e nele vissem que num período de dificuldades e de libras a perto de 50$, tinha havido quem milagrosamente dava azeite a $10 consagrariam mais um prodígio só feito de português insigne. (Risos).

Mas não. Nem o que só nos fornecem platonicamente hoje é barato.

- Depois, Sr. Presidente, obrigar os consumidores a adquirirem a ração mensalmente, ó o mesmo que dizer ao pobre — tu não tens ração.

Os que ganham dia a dia, semana a semana, apenas o suficiente para fazer face às despesas do dia ou da semana, onde têm dinheiro para comprar açúcar, azeite e manteiga para todo o mês?

São assim as altas congeminações nos comissários que têm governado o estômago do pais.

Antes essas engraçadas congeminações — engraçadas se não provocassem tragédias em muitos lares-1-chegamos à conclusão de que tal medida aumentou até o número de consumidores de azeite, quando o necessário seria reduzi-lo o mais possível!

Uma voz:—Aumentar, como?

O Orador: — Eu explico. Por este país fora, em certas regiões, há milhares de pessoas que não gastam um fio do azeite. Têm para o caldo o clássico unto e num. pedaço de toucinho ou farinheira com pão e batatas têm o principal passadio, não só por ser mais fácil de preparar e de levar para o trabalho, como também por economia. Pois essa gente, que nunca se preocupou com azeite, agora que azeite ó ouro, visto ter direito a um litro por mês, exige-o para depois o negociar.

E sempre que o pode alcançar não o dispensa. E desta fonna, como disse, o comissariado aumentou o número de consumidores com a prodigiosa medida do inoportuno racionamento.

Mas isto, Sr. Presidente, são apenas palavras. E necessário aduzir factos que demonstrem axiomàticamente o que é o comissariado' dos abastecimentos, a necessidade da sua extinção imediata e conse-qúentementB a liberdade de comércio

Vejamos.

Nas minhas revelações não quero visar nem fazer insinuações ao comissário dos abastecimentos, que não conheço, e a quem tenho ouvido fazer os maiores elogios como homem de honestidade e incapaz de se envolver em negócios ou^-actos menos dignos e ilícitos.