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Diário das Sessões do Senado
Para o Sr. Ministro do Comércio as minhas considerações são sôbre outro assunto. É sôbre o deplorável serviço dos correios que se faz na província.
O serviço dos correios e telégrafos está perfeitamente intolerável, mesmo em Lisboa, em que todos os dias estou a receber cartas com outros nomes. Mas na província então, quem recebe as cartas são os taberneiros, sendo a sua distribuição feita com os mesmos modos de irregularidade. Há povoações onde leva mais tempo a chegar uma carta do que de Lisboa a Paris. Sei bem que a remuneração do respectivo pessoal não é grande, mas a verdade é que se trata dum serviço de primeira necessidade e duma importância capital a que é necessário atender.
Tenho dito.
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Ginestal Machado): — Sr. Presidente: o ilustre Senador e meu querido amigo Sr. D. Tomás de Vilhena pediu para eu transmitir a dois colegas meus, ao Sr. Ministro da Agricultura e ao Sr. Ministro do Comércio, dois assuntos que podemos considerar, principalmente um, de capital importância.
Sôbre um posso eu dizer alguma cousa; é com relação ao problema da alimentação pública e da carestia da vida.
O Govêrno não se desinteressa de tal problema: preocupa-o até sobremaneira.
Como o Sr. Dr. Tomás do Vilhena sabe, num país vizinho do nosso, de moeda forte, e havendo outro de moeda fraquíssima, por mais fiscalização que haja, dá-se sempre a saída dos géneros do país de moeda fraca para o outro.
Transformam-se os géneros em ouro, e êsse ouro é colocado depois fora do país.
Entretanto, o Govêrno procurou já dar aqueles remédios possíveis a essa questão, e eu não venho anunciar milagres porque os não posso fazer, e tenho o respeito grande por mim de não fazer promessas que não posso cumprir.
Eu chamei já os meus delegados que estão espalhados pelo país fora, os governadores civis para cumprirem o programa que eu prometi cumprir, chamando-lhes a atenção para o problema da emigração de certos géneros, para que
êles indiquem uma forma qualquer para evitar essa emigração, que redunda em prejuízo para o país.
V. Ex.ª sabe, porém, que, por maior que seja o cuidado, encontra-se sempre um ponto fraco seja êle na raia seja nos homens, o que por êsse ponto se passem os géneros e os animais para o estrangeiro, apesar de nós precisarmos imenso dêles em Portugal.
Trabalharei no emtanto, e nesse sentido dei as minhas ordens aos governadores civis, para que dentro do possível se obste a essas saídas desastrosas.
Acredite V. Ex.ª na boa vontade que eu tenho de resolver êsse assunto, e que escolhi homens para desempenhar êsses cargos, que pela sua dedicação e inteligência correspondam à minha boa vontade.
Devo ainda dizer ao Sr. D. Tomás de Vilhena, quanto à alimentação de Lisboa, que a Câmara Municipal se está interessando por êsse assunto e que já me procurou para por intermédio do Sr. Ministro das Finanças serem dispensados uns certos direitos porque a Câmara propõe-se fazer a importação de gado de Marrocos para o consumo de Lisboa.
O Sr. Ministro da Agricultura quando vier a esta Câmara dirá a V. Ex.ª as providências de ordem técnica que já tomou e que V. Ex.ª apreciará devidamente.
Quanto ao Sr. Ministro do Comércio vou comunicar a S. Ex.ª as considerações de V. Ex.ª, mas sei que a dificuldade é aquela a que V. Ex.ª aludiu, o vencimento pago ser ainda aquele que era antes da moeda se desvalorizar, e além disso a dificuldade que há em encontrar criaturas com as habilitações que se exigem.
Tenho dito.
O Sr. D. Tomás de Vilhena: — Sr. Presidente: é para agradecer ao meu prezado amigo o Sr. Presidente do Ministério as suas explicações, que me deixaram absolutamente convencido da boa vontade de S. Ex.ª
O Sr. Catanho de Meneses: — Sr. Presidente: agradeço ao Sr. Presidente do Ministério a gentileza que me acaba de fazer vindo a esta Câmara antes da or-