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Diário das Sessões do Senado

cia do o ter feito, usando de expedientes que não são para discutir agora, e levaram o Gabinotc anterior a pedir a demissão. Ora a verdade ó que o Gabinete anterior havia sido bem acoito pela opinião geral, e era representado por figuras formando uni todo compacto, com um passado identificado e harmónico, ligadas na mesma ordem do ideas.

Ainda suponho que esse Gabinete foi derrubado pela solidariedade que quis mostrar e manter com a personalidade que ó hojo talvez, sem prejuízo do ninguém, o maior valor intelectual da política republicana: o Sr. Cunha Leal.

Se o Sr. Álvaro do Castro, eom o Gabinete que organizou, tem a consciência plena de se ter esforçado em benefício do país, só cenho a louvá-lo, desejando ver cumpridas as suas intenções e atingidos os fins a que só propõe. Mas não posso deixr.r de lamentar que, toado o país recebido com unia espectativa muito sincera e benévola a acção quo podia ter o Gabinete do Sr. Ginestul Machado, acção que deveria também obter na pasta das Finanças o Sr. Cunha Leal. o facto se tivesse dado., E entendo, por isso, que S. Ex.a o Sr. Álvaro de Castro assumiu uma grande, enorme responsabilidade perante a política portuguesa, perante o país, perante o estrangeiro, perante os problemas gravíssimos quo tomam escura e triste a hora presente.

S. Ex.a preside a um Gabinete feito do elementos desconexos, mais ou menos heterogéneos, do muitas cores e vários brilhos, que uma tonalidade triangular, cobrindo, como velatura, todas as figuras do Gabinete, não consegue unificar e fundir.

Entre eles estão distintas figuras da Seara Nora, ilustres filósofos de ideas modernas, que S.Ex.a já viu no horizonte político, e de que começou a colher os primeiros frutos! Que S. Ex.a os tenha de boa qualidade e excelente peso específico.

Dito isto, estando na presença duma situação que todos sabem ser gravíssima, coo que as mais altas competências se não entendem, vem S. Ex.*1 pedir-nos uma autorização de plenos poderes com um prc-jecto de lei composto de um único artigo, acerca do qual o meu prozadcf colega Sr. Augusto de Vasconcelos acaba de fazer

largas e pensadas considerações, que são de atender, e pedem ponderação o reflexão de toda a Câmara, por estarem em jogo intorêsses vitais para todos os portugueses.

Devo dizer quo tendo-nio. interessado seriamente pelo assunto., tendo hoje saído mais cedo e percorrido diferentes locais da Baixa, onde se ventilam questões de câmbios, tivo conhecimento dum facto que não me surpreendeu por já ontem ter, mais ou menos, percebido que seriam essas as intenções do Gabinete. Do facto viam-se já circular à roda das casas bancárias alguns polícias à paisana, à caça dos zangãos ou zangões — como lhes queiram chamar.

Era a entrada em acção das tais medidas policiais a que S. Ex.a ontem, mais ou ineiiDs vagamente, se referiu e para as quais nlo mo parece haver necessidade de autorizLção parlamentar, muito menos do autorizações da latitude pedida.

Seja, porém, verdade ou não, seja isto simples ilusão da minha vista, há um facto interessante que passo a referir. Na Bolsa apareceram ontem compradores de cambiais no valor aproximado de 17:000 libras, o que fez um certo pânico no mercado e atirou com o câmbio da libra para 138$ o 142$, compre, o venda, respectivamente. Acroscontava-se lá por baixo que para fazer face a esse pedido do 17:000 libras não tinha aparecido um único valor ouro oferecido pelo Banco de Portugal para compensar dalguma forma o alarmo quo a importância da procura estava produzindo.

Ora, Sr. Presidente, entre os factores complicados e diversos que concorrem para a crise cambial, dentro dos quais ninguém vê claro nom se entende, avulta em primeiro lugar — e é esse, com certeza, um dos factores principais da depressão— L falta do confiança no crédito do Estado.