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Diário das Sessões do Senado

Agora, entre não poder resolver o problema e cruzar os braços, perante o uso e abuso que se faz da situação inanceira. vai uma grande distância.

^Pede-se ao Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças que diga o que vai fazer? »

;JEntão porque não resolve o Parlamento o problema?

Só se querem que o Poder Executivo venha dizer em público as medidas que vai tomar, para que os interessados saibam quais elas são.

Um Presidente do Ministério ou um Ministro das Finanças que tal dissesse, ê porque não tinha a consciência ia responsabilidade do seu cargo e do que deve à sua Pátria.

Que se peça ao Ministro das Finanças que diga, nas suas linhas gerais, qual ê a sua política financeira, perfeitamente de acordo; mas que se queira que ele nos diga pormenorizadamente qual o uso que vai fazer desta lei, isso é que não se compreende.

E, portanto, o melhor é o Poder Lo2,-is-lativy oferecer ao Poder Executivo os meios necessários para ele poder actuar.

Ninguém pode negar, repito, que £ deficiente a legislação actual acerca da questão cambial.

O comércio bancário ó um comércio honrado como qualquer outro.

Não quero fazer injúrias a qualquer que entenda dever viver por esta ou por aquela forma, ^mas neste momento em que tudo falta por toda a parte, e em que é necessário que os capitais tenham uma aplicação para benefício da colectividade, neste momento ò que vemos nós?

Não.

O que vemos é empregar os capitais, às mãos largas, na construção de edifício, bancários.

É o que só vê a cada esquina das ruas centrais de Lisboa.

A voz do povo, a consciência popular diz: o nogócio não é mau, visto que dá para capitalizar por aquela forma, e., sendo assim, nós que devemos ter todo o respeito pela actividade alheia, tomos um pouco o direito, para não dizer o dever, de pensar nos interesses da colectividade.

E deixe-me V. Ex,.a, Sr. Presidente, dizer mais uma vez que é preciso que o capitalismo não venha a dar razão ao que pensavam muitos ainda há poucos meses, antes de morrer essa figura extraordinária, quási lendária, que acaba de desaparecer deste mundo —Lenine —, figura que pela sua alta mentalidade se colocou em antagonismo completo com. uma parte do mundo civilizado, mas a quem a História há-de necessariamente em breve fazer justiça.

Porque, Sr. Presidente, os grandes homens têm do ser vistos com serenidade, ainda quo nos sejam muito antipáticos, e Lenine é uma soberba figura de quem a Historia há-de falar.

Ao expressar, Sr. Presidente, o meu pensamento, não tenho a idea de chocar a Câmara e não me sinto afrontado por ela.

K preciso que o capitalismo não venha justificar a opinião de Lenine, aparecendo-nos nos seus últimos tempos numa fase de nacionalismo exagerado, contra o qual se fez a guerra. E preciso que essa opinião se não confirme e que tal tentativa não represente o último reduto do capitalismo em que está quási a entrincheirar-se, porque já se não atreve a com* bater em campo descoberto.

As aspirações do comércio capitalista entre nós começam a ser afrontosas para a consciência de todos.

E necessário que os políticos portugueses actuem, porque, se não actuarem, as maiores calamidades nos esperam.

Sinto, Sr. Presidente, 'tudo quanto digo e sinto as responsabilidades, que terei contraído fazendo corajosamente estas afirmações.

O Sr. Presidente do Ministério foi interrogado nesta Câmara sobre o uso que vai fazer desta lei.

Estou tranquilo. S. Ex.a terá a consciência das suas responsabilidades.

Apoiados da maioria.

Faço justiça aos meus ilustres colegas que lhe fizeram essa pregunta, certamente com a melhor boa fé, com o pensamento mais generoso e com sentimento de patriotismo ,

Não veja ninguém nesta forma de pensar nada de injurioso. Mas devemos dizer t.ido que sentimos.