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Sessão de 25 de Janeiro de 1924

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dade maior ainda do que aquela que tomou quando assumiu o encargo de formar Gabinete.

S. Ex.a tem, como poucos, o pensamento honesto de servir o seu País. É o que resulta do que tem feito.

Sr. Presidente: começo a falar um pouco como representante deste lado da Câmara.

Se efecíivamente esta autorização representa da parte do Parlamento um voto de confiança, em nome dos Senadores do Partido Kepublicano Português, eu digo a V. Ex.a que a maioria vota o projecto de lei em discussão, cônscia de que pratica um dever de patriotismo.

O orador não reviu.

O Sr. D. Tomás de Vilhena : — Sr. Presidente : serei muito breve.

Toda a minha vida me tem acompanhado uma vantagem, que é ter sido sempre coerente com as minhas opiniões. Ora, ó exactamente por essa coerência com as minhas opiniões>^mje não voto a autorização pedida pelo Gq>§rno para resolver esto grave caso de doença cambial.

Fui sempre, e continuo a ser, absolutamente contrário ao que se chama autorizações parlamentares, sejam elas conferidas a quem quer que seja.

A autorização parlamentar ó uma abdicação do Parlamento, e quanto mais grave e complexo é o assunto para que ela se reclama, mais completa e radical se torna essa abdicação.

E esta a razão por que não voto esta autorização, que, ao que parece,,, foi imposta pela Câmara dos Deputados e aceita pelo Governo.

Sr. Presidente: o problema cambial é muito grave.

^Porque é que o Governo não traz ao Parlamento as bases gorais sobre a maneira como a havemos de resolver?

Quanto mais grave é a questão, mais parece que - deve reclamar a cooperação de todas as assembleas que representam a Nação Portuguesa.

Além de que, en não sou curioso, e por isso não faço empenho em saber o que o Governo pensa para resolver a questão cambial.

Há duas maneiras: há romédios para debelar a crise de momento. E até agora os remédios que têm sido usados pelos

vários Governos só têm produzido efeitos contraproducentes. Mas não sei por» quê, nem porque não, é agora que se procura remediar a questão cambial com medidas que se anunciam enérgicas e decisivas.

Mas o facto é que, por várias vezes, se tem procurado resolver a questão cambial com iodo e com papas de linhaça, e até agora nada se tem conseguido.

Mas há outra questão, e essa para mim é grave e solene, que é atacar a infecção. Isto leva tempo e os remédios a aplicar são muito complexos.

A primeira cousa ó a questão moral, que, como é sabido, é apenas questão de confiança.

E já uma questão muito debatida, e para isso não vale a pena estar aqui afazer o inventário.

Ernquanto o Estado, pela sua administração altamente morigerada e hábil, não convencer o público e o estrangeiro de que tom capacidade para administrar e que não vai de encontro ao capital que transacciona honestamente — e ó esse o único capital que eu defendo— porque os desregramentos do capitalismo condeno-os energicamente, sem- que para isso ouse levantar aqui essa figura de Lenine, figura sinistra que acaba de desaparecer do mundo dos vivos, mas que a História há-de amarrar para todo o sempre àqueles homens que vieram ferir a humanidade nos seus sentimentos mais delicados e honestos; emquanto esse convencimento se não fizer, o câmbio não melhorará.

Por consequência, eu não trato de defender aqui o capitalismo que abusa, o capitalismo que defrauda a sociedade, mas defendo o capital honesto, aquele que, à custa de um trabalho assídio e honrado, conseguiu amealhar algum dinheiro para ter um futuro descansado debaixo de telha que teve o prazer de fazer levantar. Esse hei-de defendê-lo sempre.

Tenha a Câmara a certeza de que, quando o homem que trabalha, o homem que tem capitais, esteja convencido de que a sua propriedade não está, como tem sido, constantemente atacada, as construções começarão a fazer-se.