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Diário das Sessões do Senado

e quási todas as classes conseguem o que querem por esse ou por outro meio.

O funcionalismo do Estado deve. ser o primeiro a dar o exemplo de se não pôr em greve. Pois uma classe houve que, encontrando-se nas mesmas condições que o funcionalismo civil, não fez greve, e essa foi precisamente aquela que nos garante o sossego e a tranquilidade.

Não há, Sr. Presidente, polícia republicana, como não há polícia monárquica. O que eu desejava apenas era que as melhorias a conceder fossem correspondentes à violência do^ trabalho, ao risco que correm os agentes, e que nós nem sequer sabemos avaliar.

O que eu desejaria que se fizesse era uma selecção rigorosa de todos os agentes da polícia. Vemos que a polícia na França e na Ingkitcrra merece o respeito de toda a gente, ao passo que vemos num povo indisciplinado, como o nosso, que todos hostilizam a polícia.

Não pode haver policia bem feita sem ser bem paga. E é por isso que eu dou o meu voto à proposta em discussão, será outro desejo que não seja o de se ver no meu gesto senão uma grande sinceridade e sem quaisquer intuitos de especulação política.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Mendes dos Reis: — Sr. Presidente: não tencionava usar da palavra sobre a proposta de lei que pé discute, mas as considerações ontem feitas pelo Sr. Ribeiro de Melo levaram-me -a mudar de opinião.

É certo que nas palavras que S. Ex.a hoje proferiu, o Sr. Ribeiro de Melo mostrou que nas considerações que fizera nunca procurara atingir nem o Sr. comandante da polícia nem qualquer outro oficial ali em serviço.

O Sr. Ribeiro de Melo (interrompendo'):— Eu quero fuga-à especulação...

O Orador:—Folgo com essas palavras de V. Ex.a

Mas, Sr. Presidente, já que estou no uso da palavra, aproveito a ocasião para dizer que dou o meu voto à proposta em discussão e que o dou com todo o prazer. Entendo, como o Sr. Silva Barreto, cuco

perigoso aumentar os vencimentos duma classe não olhando para a situação das outras.

Não vou, porém, tam longe como S. Ex.a, e não receio a luta de' ^classes por esse motivo.

E que a situa.ção da polícia é de tanta urgência atender-se, que não há razão para qualquer receio.

Nãe íàz sentido que um polícia sujeito a agressões, ao mau tempo e à má vontade até de toda a gente, não tenha o vencimento que merece. Não se compreende que um polícia possa autuar um vendedor de pão, quando deve à padaria semanas inteiras de pão. E em relação à mercearia, à carvoaria, e':c., a mesma cousa.

E pois necessário o aumento de vencimentos.

Mas não é só isso. O Sr. comandante da polícia, com o seu estilo próprio, disse, numa entrevista com um jornal, que um polícia vive permanentemente em estado de guerra.

No estado de indisciplina do nosso povo, toda a gente se julga no direito de insultar o de agredir a polícia. E sabendo que 20 por cento das baixas da polícia são provenientes de agressões, devemos concordar que não é profissão muito para invejar.

É, portanto, necessário e urgente que se ponham os polícias em condições de bem poderem desempenhar as suas funções.

Não sou da opinião dos que dizem que a nossa polícia é má. A nossa polícia, com os recursos que dispõe, não pode ser melhor; mas remunerando-a convenientemente, teremos uma polícia tam boa como as melhores no estrangeiro.

Niio regateio os meus elogios ao Sr. Ministro do Interior, que tem mostrado a melhor boa vontade era fazer com que a presente proposta de lei seja votada com urgência. Mas devo dizer a S. Ex.a que, logo que tenha ocasião, traga uma nova proposta beneficiando um pouco mais a polícia, que bem o merece.