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Sessão de 30 de Abril de 1924

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•lhardo a que não posso deixar de responder.

Começo por agradecer ao Sr. Hercu-lano Galhardo as palavras de gentileza, de muita amabilidade e de muita benevolência que me dirigia. Essas palavras justificam-se unicamente pela comunhão de pensamentos o pela nossa velha amizade, nunca desmentida. Essa velha ami zade, porém, .não me leva a ter sempre que concordar, com . a opinião de S.. Ex.a

O .Sr. Herculanq Galhardo: — Nem a mim para concordar com a. opinião de S. Ex.a, nem com a do meu velho amigo, também, Sr. Azevedo Coutinho.

O Orador: — Disse o Sr. Herculano Galhardo, e afirmou-o mais do uma vez, haver eu dito que o caminho de ferro de Lourenço Marques era, deficitário.

O Sr. Herculano Galhardo: — Pareceu--me-que foi o que S. Ex.a disse.

. O Orador:—.Os caminhos de ferro, da .União Sul-Africana, no. seu conjunto, a South África Raihvay, são, como todos sabem, deficitárias. E, não obstante,- a South África Railway é a maior rede ferroviária conhecida em todo o mundo.

• Isto é tam . conhecido e sabido que ainda há pouco, no Parlamento do Cabo da Boa . Esperança, tendo eido discutido se a União Sul-Africana estava disposta a abrir novas linhas ferroviárias, se resolveu que fossem continuadas tantas quantas fossem ; precisas , para satisfazer o tráfego daquela vasta região.

Quanto ao caminho de ferro de Lourenço Marques, afirmei que a sua organização era-autónoma .e. que as suas despesas se compreendiam na sua ,,re-.ceita. .-...-•

Com relação aos . outrps caminhos de ferro como sejam Xinovane, Moçambique e Quelimane, não posso dizer nada porque ainda não estão feitos; não sei se .serão ou não deficitários, porque só depois de' estarem concluídos é que se sabe o que virão a ser-; mas mesmo que sejam .deficitários,-desejaria que fossem concluí-,dos, ^porque as receitas que hão-de.yir para o Estado hão-de ser enormes.

- . Com respeito ; às receitas para fazer face aos encargos; S. Ex.a veio argumen-

tar apenas com as receitas orçamentais, S. Ex.a disse e muito bem, que no Orçamento há uma margem actualmente de 207:000 libras, com mais 60:000 libras de redução de despesas, daria isso umas 300:000 libras,- íaltando ainda 100:000 libras. :

. S. Ex.a ficou restrito às paredes do Orçamento; evnão vê que depois de concluídos esses caminhos de ferro hão-de vir receitas maiores.

. São 300:000 libras que a província tem do saldo para os encargos do empréstimo e o mais que vier da receita.

Não estejamos adstritos ao- Orçamento; ôsse excesso será de 000:000 ou 600:000 libras como calculo que seja,

Sr. Presidente.: esta questão tomou um aspecto que. quero, afastar de mim, pelas palavras \ que pronunciou há pouco o Sr. Herculano Galhardo, afirmando que isto mais parecia uma proposta feita para homens de negócios e negociatas do que propriamente para defender os interesses de Moçambique.

V. Ex.a conhece-me há muitos anos e sabe perfeitamente que eu. era incapaz de • defender uma proposta ,em semelhantes termos ou do acamaradar em negociatas. S. Ex.a afirmou duma maneira geral, que .os Parlamentos se deixam influenciar pelo capital. Isso será verdade, pois que.no .regime .do capital vivemos, mas daí até estarmos debaixo duma tutela capitalista vai'.uma distância muito grande. •

.Não conheço o.autor do falado projecto do empréstimo nem ninguém a quem ele interesse; os esclarecimentos que trouxe à Câmara. sã.o: filhos dos meus conhecimentos o dos meus estudos; e S. Ex.a •que é ,uma pessoa de alto talento usou dos .seus recursos para os seus fins, principalmente p'olíticos. . . . r.Prf^ende-se • transformar isto numa ques.Eo. política, quançlo deve ser económica e financeira.

,, S. Ex,a quere-que se vote..o projecto .conformo convém aos seus princípios po-.líticos, e está. no seu espírito; S. Èx.a dis-tcute de,boa fé, mas. apaixonadamente.

Eu não; eu afasto absolutamente de mim neste assunto a política e as sus-peições. .::'',-•• ,

Permita-me S. Ex.a que lhe diga que

se, em vez de fazer, o seu- passeio diário