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Diário das Sessões do Senado

sando pela travessa da Agua de Flor, tivesse passado pelo Canal de Suez, aspirado as brisas do Oriente, tivesse visto a província de Moçambique e soubesse o que ela vale, com certeza falaria de outra maneira.

S. Ex.a está adstrito às cousas mesquinhas do meio em que vive, e esqueceu--se também, no confronto que fez, que Portugal é um país velho, que já tem as suas estradas, a sua rede ferroviária tal ou qual, que já tem telégrafo e telefones, e que Moçambique pouco tom e esse pouco o deve ao seu próprio esforço, sem auxílio estranho de um centavo.

S. Ex.a disse que se lhe pedissem tantos milhões para fomentar Portugal, não daria o seu voto para os espatifar.

Pois eu dava o meu voto a um empréstimo desses, não para os espatifar, mas para fomentar o país, dando-lhe riqueza, se as circunstâncias do país o permitissem.

£ Como quere S. Ex.ft que a província de Moçambique prospere, dando-lhe o dinheiro às pinguinhas?

Eu não votaria um empréstimo pequeno. É preciso dar-lhe elementos para ela construir, dum jacto, os caminhos de ferro que estão começados.

Sem isso, não temos nada feito, porque é com os rendimentos dos caminhos de ferro que nós havemos de fazer face aos encargos do empréstimo.

Sr. Presidente: sobre a generalidade da proposta de lei que se discute, não tenho mais nada que dizer.

Quando se entrar na discussão na especialidade, eu procurarei, demonstrar ao Sr. Herculano Galhardo, com os meus fracos recursos, que esta proposta de lei é útil e benéfica para a província de Moçambique.

Não me submeto a oligarquias financeiras nem admito insinuações de ninguém.

O Sr. Herculano Galhardo (para um requerimento):—?^ a V. Ex.*, Sr. Presidente, que consulte a Câmara se consente que eu fale novamente durante 5 minutos.

Vozes:—Fale, fale.

Ó Sr. Presidente:—Em vista da mani-festaçãotfa Câmara/tem V. Ex.a a palavra.

O Sr. Herculano Galhardo: — Sr. Pré" sidente: agradeço a V. Ex.a e à Câmara o favor que acabam de me dispensar.

Quando ontem me referi a oligarquias financeiras, não podia dirigir-me, por forma alguma, a esta ou à outra casa do Parlamento. Referi-me, é certo, ao que se diz hoje de todos os parlamentos do mundo, e desse defeito se acusam os parlamentos, para dizer que efectivamente não é possível evitar a influência das oligarquias financeiras nas assembleas legislativas. Mas não disse que essa influência se fazia sentir por forma desonesta. Essa afirmação é que eu não fiz, porque era incapaz disso.

A longa prática que 'tenho da vida faz--me ver que há pessoas de bem, que, no emtanto, tenho visto trabalhar à vontade das oligarquias financeiras.

Esta afirmação considero-a eu absolutamente exacta.

Para destruir essa influência ó preciso fazer uma verdadeira revolução mundial.

Fica, portanto, a afirmação, que mantenho, de que hoje as assembleas legislativas não escapam à influência das oligarquias financeiras, mas fica também arredada a hipótese de que eu quisesse referir-me u qualquer dos meus ilustres colegas, des:;a ou da outra Câmara, ou que nesta proposta de lei houvesse qualquer cousa de desonesto.

O que eu disse é que esta proposta de lei é mais perigosa para a província de Moçambique do que essa outra que anda publicada nos jornais.

E como n6s temos que nos pronunciar sobre a proposta de lei que veio ao Parlamento, temos que medir os recursos da província.

^Mas o que foi que disse ontem a este este respeito?

Foi que nós íamos votar agora uma autorização para um empréstimo de que Moçambique precisa neste momento, e que amanhã o Sr. Ministro das Colónias vinha com dados positivos e dizia-nos que nós podíamos votar um empréstimo maior. Nós não podemos trabalhar por hipóteses.

E, a propósito de caminhos de ferro, eu vou destruir, por completo a argumentação do Sr. Bulhão Pato, com os seus próprios argumentos.