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Diário das Sessões do Senado

O Sr. Procópio de Freitas: — É verdade que quando Ssse Partido não está no Poder está a conspirar.

O Orador: —Afirmativas sem base e sem prova não tem valor algum.

O Sr. Ramos de Miranda: — Sr. Presidente :: é bem conhecida a situação que o Partido Democrático, na ocasião do movimento de 19 de Outubro, tomou perante esse movimento e perante os beus correligionários dando-lhes indicações e ato mesmo instruções secretas para que nele não colaborassem, sob pena de serem irradiados do partido. Eu faço estas considerações muito desafogadamente, porquanto, tendo sido solicitado para colaborar nesse movimento, simplesmente aceitei uma conferência com pessoas que do rnim solicitaram auxilio, para me orientar sobre o que havia de fazer e sobre o procedimento que estava em via de ser adoptado, a fim de justificar um retraimento que em consciência entendia dever adoptar.

Eu, repito, fui a essa conferência, principalmente cem o fito de me desligar das insistências com que me assediavam, e completamente pôr de parte qudquer colaboração, afirmando a essas pessoas que não podia colaborar com elas.

Efectivamente eu estava em contacto com algumas pessoas dirigentes desse movimento e fiz-lhes ver —ré a primeira vez que eu faço esta declaração— que a segurança do seu resultado era mínina, e que. por muito que insistissem comigo, eu desde aquele momento lhes afirmava que não tomaria parte nesso movimento.

O Sr. Afonso de Lemos: — E V. Es.*

fez Qssa declaração em nome do Partido ?

O Orador: — Fiz esta declaração em meu nome pessoal.

Só depois fui chamado perante alguns membros do Directório que desejavam preguntar-Lio o que havia de verdade na colaboração que se dizia eu ter prometido dar-lhes, com a minha presença e com a minha acção.

Declarei às pessoas do Directório, que me interpelavam, exactamente o mesmo que acabei de referir.

Disse-lhes que tinha de facto sido solicitado para colaborar nesse movimento; que tendo-se instado muito comigo eu afinal me dirigi e essa reunião para me desligar do assunto, principalmente depois de ver quais os fins que tinham em vista, e os meios que queriam pôr em prática, para atingir-se esses determinados fins, que eram muito honestos e defendidos por pessoas de bem.

Mas o que é facto é que as pessoas que •• eu considerava de mais confiança para unia boa realização do que se projectava foram a pouco e pouco depligando-se dessa colaboração e por fim ficaram alguns dos mais irrequietos e demasiadamente confiantes no seu bom: resultado como o manifestavam numa segunda sessão preparatória, à qual ainda tive necessidade de comparecer. Mas o que é verdade é que eles não pensavam nas gravíssimas consequências desse movimento.

N3o atiremos com a ignomínia para cima deles, visto que o seu propósito de combaterem por uma política que julgavam a melhor nunca os fez supor que iriam originar o que de lamentável se passou.

Mais uma vez afirmo que o directório do Partido Republicano Português ameaçara os seus correligionários de irradiação 110 caso de naquele movimento pretenderem colaborar, porque o Partido repudiava completam ente toda e qualquer participação nesse movimento, e tenho um -pouco de autoridade para isto dizer, porque fui um dos que receberam tal aviso.

Disse.

O Sr. Procópio de Freitas: — As afirmações do Sr. Ramos de Miranda não desfizeram o que eu disse.

Eu não afirmei que o Directório do Partido Democrático concordasse com o movimento; o que eu disse foi que a grande maioria das pessoas que entraram no 19 de Outubro pertencia ao Partido Democrático.

Esta afirmação não foi desfeita.

O Sr. Ramos-de Miranda disse que o Directório ameaçou os seus correligionários de irradiá-los do Partido se entrassem no movimento.