O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Apêndice da sessão legislativa de 1925-1924

25

que alguém tivesse sido irradiado, pois até'o Ministro do Comércio do Ministério do Sr. Manuel Maria Coelho, que foi o Sr. PJres de Carvalho, pertence actualmente ao Directório do Partido Democrático.

O Sr. Júlio Ribeiro: — Sr. Presidente: como o ilustro Senador, Sr. Procópio de Freitas, em resposta a um aparte meu, lembrou o facto verdadeiro de eu ter exercido o cargo de governador civil de Coimbra após os crimes do outubrismo, como que a insinuar que outubrista fora também, devo um esclarecimento í\ Câmara.

E, os meus colegas bera sabem, nunca "me recuso a pagar o que devo.

Fui, realmente, governador civil de Coimbra, mas depois de demitido o Governo outubrista da presidência do Sr. coronel Coelho: exerci esse cargo, não por ser outubrista, mas a pedido do Sr. coronel Maia Pinto, Presidente do Ministério, autorizado e por fim até instado pelo Directório do meu Partido, como todos os seus membros, ainda, felizmente, vivos, o podem confirmar.

De resto seria desnecessário dizer que por índole, educação e princípio não podia ser outubrista pela singela razão de que nunca fui nem serei revolucionário. Não, Sr. Presidente, não fui, não sou nem serei revolucionário dentro da República o contra republicanos, porque sou incapaz de concorrer para que se destrua uma vida de português e derrame uma gota de sangue português, quanto mais para aniquilar muitos o muitos corações, como acontece nos movimentos revolucio-, nários.

Apoiados.

Para quê?! Para quê?! se os factos nos dizem que, em regra, em seguida ao triunfo das revoluções ficamos pior do que estávamos ?

Apoiados.

Isto dito, vou tratar do assunto para que pedi especialmente a palavra quando estivesse presente algum membro do Governo.

Trata-se dum caso grave, muito grave.

Sr. Presidente: vulgarmente se diz que a palavra foi dada ao homem para ocultar as seus pensamentos. E, comungando neste conceito, há quem use e abuse do tropo, do gongorismo e do double-sens

para que as expressões proferidas não definam os sentimentos, as ideas, a verdade.

Eu não, Sr. Presidente, vou logo direito ao fim, procurando sempre ser claro, simples e conciso.

Assim, em duas palavras resumo o que desejo ver esclarecido pelo ilustre Ministro do Trabalho que ora nesta casa está representando o Governo.

O Mundo, jornal de tradições republicanas, onde ainda escreve Mayer Gar-ção, alto espírito de jornalista, devotado republicano e poeta brilhante do sentimento e coração; O Mundo, diário fundado por França Borges o onde ainda escrevem republicanos de incontestável sinceridade o dedicação ao regime; O Mundo, onde o espírito forte do seu fundador ainda paira a incutir valor e inspiração aos que ali o substituíram; O Mundo faz esta tremenda e gravíssima revelação:

«A verdade ó esta: pessoas que tanto se tom vangloriado de evitar e de conseguir manter a or-dem pública, são agora que ateiam a fogueira, aliciam elementos revolucionários e estão fazendo uma obra de agitação, que neste momento não pode deixar de ter um carácter anti-patriotico. Que os leva a isso?

A ambição do poder».

Mas, Sr. Presidente, mais grave, muito mais grave do que isto a esta afirmação claríssima:

«A conspiração está já exercendo os seus efeitos como elemento de perturbação, dando-se até situações que não podem deixar de afectar o prestígio dos poderes públicos. Assim, dizem-nos que junto do próprio Governo há quem conspire, quem ponha os poderes de que dispõe ao serviço da conspiração».

Pelo esclarecimento dum j ornai da tarde estas pessoas são os Srs. António Maria da Silva e general Vieira da Rocha, ilustre e honrado Ministro da Guerra.

Fazer blague com isto, fazer intriga política com cousas tam sérias, seria infâmia, torpeza, crime sem perdão.