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Diário das Sessões do Senado-

intrometer-me nas atribuições da Comissão ou da personalidade que está encarregada de fazer esse inquérito ou sindicância.

Mas, Sr. Presidente, o que se propalou pela imprensa, as notícias confrangedoras para o nosso brio e para a nessa própria dignidade, são de tal maneira de arrepiar que impõe sem dúvida nenhuma una só-uma solução rápida.

Sr. Presidente", estou muito habituado no nosso País, e nesse capítulo, a ver o seguiute: em 1.° lugar eternizarem-se as sindicâncias; em 2.° lugar, as sindicâncias não averiguarem cousa nenhuma, quando não dão em resultado o contrário daquilo que se esperava; isto é, em lugar dum castigo, um galardão para o sindicado. Sr. Presidente : se porventura as acusações que são feitas ao nosso representante em Berlim são verdadeiras, se a sindicância as apurar iniludivelmente, som dúvida nenhuma íica esclarecida a situação, e ao Sr. Ministro dos Estrangeiros, não só por honra própria, mas também para honrar o lugar que ocupa, e c nosso País, impõe-se uma acção enérgica.

Se porventura a sindicância que está a fazer-se não der aqueles resultados absolutamente claros e iniludíveis que impõem essa acção enérgica ao Sr. Ministro dos Estrangeiros, qual é a situação em que fica o !ár. Veiga Simões perante Berlim, perante a Alemanha, perante o seu País? .Não ó o facto de uma sindicância não ter dado resultado que iliba por completo a pessoa.

E preciso que haja, acima de tudo, uma rígida moral administrativa e nunca lamentáveis transigências.

De resto, gostaria que o Sr. Ministro , dos Estrangeiros me informasse como foi que chegaram ao seu conhecimento, ou antes ao do Ministério dos Estrangeiros os factos que constituem a acusação feita ao Sr. Veiga Simões.

Foi isso devido à intervenção de dois secretários da legação, como se diz, que participaram essa série de abusos escandalosos, ou foi o Ministério dos Estrangeiros que pelas suas informações especiais, pelos serviços que deve ter bem montados de fiscalização aos seus subordinados conseguiu informar se de tudo e realmente convencer-se de que se impunha uma acção enérgica e decidida a respeito do nosso representante em Berlim?

Lembro-me do ter aqui tratado da situação do Sr. Veiga Simões quando ers Ministro dos Estrangeiros o Sr. Dr. Domingos Pereira e se deu aquele sério incidente entre o Sr. Veiga Simões e o Dr-Rendeiro.

Tive nessa ocasião de falar de verdadeiros escândalos que chegí\ram ao nosso* conhecimento através das informações da Sr. Dr. Rendeiro.

Não procurei S. Ex.a nem S. Ex.a rne-procurou a mim propositadamente.

Contecia-o há muito tempo, ainda elo-era estudante, pois pertence ao meu distrito. Por essa circunstância, encontrando-nos aqui, falámos no caso e por ele fui informado, dos factos que se davam. E descDntando 50 por cento dessas acusações ainda ficava alguma cousa de muito-grave para a pessoa do Sr. Veiga Simões.

Mas o Sr. Domingos Pereira, ilustre-Ministro dos Negócios Estrangeiros, objectou, em resposta, que não se podia fazer eco das informações tendenciosas e que o-Sr. Veiga Simões estava a coberto de va-riadíssimas dessas acusações.

Sai o Sr. Domingos Pereira do Ministério dos Negócios Estrangeiros e chega--se a uma situação nova, em que assume-a gerência da pasta dos Estrangeiros o-Sr. Vitorino Godinho. Surge então o escândalo. Cabe portanto preguntar:

£É de agora o caso que deu lugar ar iniciativa de uma sindicância e à possibilidade de unia sanção a aplicar contra o procedimento escandaloso do nosso representante, quando ainda estava gerindo a pasta dos Estrangeiros o Sr. Domingo» Pereira ?

Se ó muito de respeitar a dignidade-individual de quem quer que seja, é muito mais de respeitar e defender a dignidade de um povo que tem uma história grande-atrás de si. Por isso, não pode passar sem protestos veementes mais esta prova de indisciplina, de desordem e de vergonha.