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Diário das Sessões do Senado

O Orador: — Agradeço à Câmara a sua gentileza e prometo ser breve.

Como cristão, não me alegro com a •desgraça dos outros; se dependesse do miin mesmo salvar do abismo o meu maior inimigo, fá-lo-ia, ainda que ficasse de mui •com os meus amigos.

Seria de admirar, se a polítira não tivesse destes imprevistos que ao espírito •do Sr. Rodrigues Gaspar, ao constituir o seu Governo, não acudisse a idea de tomar resoluções sobre a situação do Sr. Norton do Matos, sobretudo quando pouco cintes de ser chamado ao Poder Lie dirigiu acerbas críticas.

£É o Sr. Norton de Matos o nosso representante em Londres, aquela mesma pessoa que assiste ali a constantes protestos cie letras, porventura assinr.das -com o seu próprio nome e com o aval de Portugal ?

«iSc é, como todos estamos certos, comproende-so tal anomalia?

;,E porventura legítimo, digno e próprio que em tais condições continue na situação do nosso embaixador em Londres, o Sr. Norton do Matos?

Muito desejaria, pelas razões que já expus, que a pessoa do Sr. Norton de Matos saísse do tudo isto ilibada. Mas, •emquanto tal não acontecer e sobre a sua pessoa tantas responsabilidades caírem, não faz sentido que nos estejam a representar em Londres. O Sr. Norton de Matos está sendo, no presente momento, a pessoa mais discutida de Portugal e tam desagradàvelmente discutida no Parlamento, na imprensa, nos jornais.

Protestam-se além disso, na praça de Londres, letras da sua responsabilidade, •do tempo em que era Alto Comissário de Angola.

^Tudo isto não é estranho, absolutamente estranho?

£ Perdeu-se já por completo a sensibilidade moral, tam precisa nos homens como nas nações?

O qne compete ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, o que há muito competia a S. Ex.a, era providenciar no sentido de que o Sr. Norton de Matos fosso chamado imediatamente a Portugal; e de momento, emquanto esta situação se não esclarecesse, S. Ex.a não fosse nosso representante em Londres. De futuro resolver-se-ia.

Sr. Presidente, V. Ex.asabe muito bem e a Câmara também sabe quanto ó difícil a nossa situação relativamente ao nosso domínio ultramarino, como através de todos os tempos nos temos visto em sérias dificuldades para podermos corresponder às tradições do nosso passado histórico e mantermos «do pé as nossas colónias como nossas.

Igualmente V. Ex.as sabem o o País inteiro quanto de ambições desenfreadas anda à volta da posse de Moçambique e Lourenço Marques: quanto de ambiçfles se desenrola em torno de Angola.

Fizemos um esforço muito grande, esforço aliás simpático, cheio de poesia, em intervir na guerra. Dum lado ao outro do País houve um clamor geral, dizendo-se que era anti-patriótico não ir para a guerra, pois daí dependia o nosso futuro como nação colonial, e porventura, até como nação independente. Foi esto o hino que se cantou.

Atrás disto foi imensa gente o o que é certo é que .se fez uni tremendo esforço financeiro, que representa hoje no nosso passivo mais de 2 milhões de contos, sem se saber como se há-clc pagar essa divida, se a Inglaterra a exigir.

Além disso derramou-se muito sangue.

^E para que tanto esforço o tantos sacrifícios ?

,;Para termos uma grande frota mercante? Tudo desapareceu na voragem do ignomínias vergonhosas para o regime.

,;Para termos, porventura, do nosso lado, com mais carinho, "dedicação, aprumo o energia, a nossa fiel e secular aliada?

Que Deus ouça os votos de todos os portugueses e que nunca tenhamos do nos arrepender de tanto sangue perdido, de tanto esforço feito.

Ainda a respeito de Angola, vimos aqni há tempo nos jornais tratado o assunto da delimitação do sul dessa província.

É um outro ponto para que eu queria chamar a atenção do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros. Tenho diante de mim a entrevista que S. Ex.a concedeu ao Século de 19 de Outubro a respeito do que se disse com referência a essa delimitação.