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Apêndice da sessão legislativa de 1923-1924

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a perder-se o próprio senso moral e o sentimento de dignidade própria.

Mas há outra cousa a preguntar ao Sr. Ministro dos Estrangeiros :

^Qual é a situação em que se encontra a nossa representação em Berlim? ^0 Sr. Veiga Simões é ainda neste momento, o nosso representante ali?

Não tive diada qualquer informação que me elucidasse a este respeito. Não compreendo que esse funcionário tivesse vindo a Portugal, onde se encontra, por seu livro alvedrio, por sua espontânea vontade e que não tivesse sido justamente obrigado a isso por imposição do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros. Se porventura corre uma sindicância ao Sr. Veiga Simões é preciso retirá-lo da nossa representação em Berlim para que, durante a sua ausência, ao menos, a sor verdade o que se diz, haja um pouco de luz e higiene naquela legação.

Eu creio que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros me irá elucidar sobre estes dois pontos que concretizo novamente :

Primeiro : ^foi surpresa para o Ministério dos Estrangeiros essa série de notícias, esse estendal de misérias que toda a imprensa trouxe a respeito de procedimento .verdadeiramente escandaloso do nosso representante em Berlim ? <_ no='no' negócios='negócios' _-havia='_-havia' ou='ou' dos='dos' tag0:_='_.:_' porventura='porventura' situação='situação' anterior='anterior' p='p' dessa='dessa' estrangeiros='estrangeiros' ministério='ministério' já='já' conhecimento='conhecimento' _='_' xmlns:tag0='urn:x-prefix:_.'>

Se havia, £ porque é qne o Sr. Ministro dos Estrangeiros,-quem quer que ele fosse, não se ocupou do assunto e não interveio imediatamente com a sua decisão e autoridade? •

Segundo: ^qual-a situação em que se encontra em Portugal o Sr. Veiga Simões?

,; Foi-ele chamado porventura para se defender .e para prestar qualquer declarações na sindicância que. lhe está sendo feita, por conseguinte na situação de todos os funcionários qne se encontram debaixo da alçada de uma sindicância, isto é, suspenso-?

Há um outro ponto de que também .rne quero ocupar, rnnito importante porque é de maneira a ferir bastante o nosso sentimento patriótico.

Este ponto é igualmente melindroso e escabroso. Compreendo todos esses melindres de ordem pessoal, melindres de ordem política, melindres porventura até mesmo, eu ,sei lá, de ordem internacional.

Trata-se de uma figura eminente da .ríepública, trata-se de uma personalidade que a República quási divinizou, coma fazendo em dado momento até depender porventura o seu futuro da sua acção patriótica, enérgica, inteligente. Erntim, trata-se dum grande esteio do regime com todos os adjectivos e superlativos que a nossa língua possui e que a Hepública aproveitou para o glorificar.

Um super-homem, daquele tipo tam bern descrito por Nietzsche.

Eefiro-me ao Sr. Norton de Matos.

Eu, deste lugar, ouvi, quando se constituiu o actual Governo, e'o Sr. .Rodrigues Gaspar veio fazer a sua apresentação ao Senado, S. Ex.a dizer que tinha encontrado uma situação criada o que perante ela nada podia fazer.

Procurou também S. Ex.a convencer-se e convencer-nos de que o Sr. Norton de Matos não era já para êíe aquele aventureiro a que se referiu, com aquela finíssima ironia que todos lhe conhecem, quando era simplesmente Deputado, e que já não sofria daquela doença moral para a qual tinha encontrado em Lundres um sanatório como o melhor lugar enifirn p.- rã o tratamento de doenças dessa natureza.

Achei muito estranho que, depois do que se disse e do que se escreveu e afirmou, e o que é mais, do que se documentou em livros e jornais, e sobretudo de pois daquela célebre, interpelação do Sr. Cunha Leal na Câmara dos Deputados, o Sr. Norton de Matos continuasse à frente da nossa legação em Londres, pois julguei que ele não era o homem de melhor categoria e idoneidade para nos representar perante uma nação que além de sor o-árbitro dá política europeia tem para nós uma situação muito especial, a de ser desde velha data a nossa aliada.

O Sr. Presidente: —Deu a hora de se passar à ordem do dia; consulto a Cá-, mara sobre se permite 'que S. Ex.a continue no uso da palavra.