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Apêndice da sessão legislativa de 1923-1924

de dar o inea voto para que a cédula pessoal passe simplesmente a ser obrigatória desde Abril de 1924.

O Sr. Carlos Costa : — Sr. Presidente : . como eu tive necessidade de me afastar desta sala durante o tempo em que falaram alguns oradores, não sei se irei repetir alguns argumentos por Gles apresentados.

Eu sou também apologista do desenvolvimento do País; gosto de o ver prosperar e desejaria que a margem esquerda do Tejo tivesse tanta importância como tem a direita; mas não corro atrás de fantasias e considero uma verdadeira fantasia a proposta que se apresentou para a construção duma ponte com 4:500 metros quadrados de extensão.

Se o tráfego comercial entre as duas , margens exige urna comunicação mais 'rápida, há variadisshnas formas de chegar a essa solução antes da ponte, e essa importância comercial devia manifestar-se já por um grande número de barcos entre as duas margens, para transporte de mercadorias, o que nós não vemos.

Fazer uma ponte nas condições indicadas no projecto não pode ser.

Eu entendo que a Câmara não tem de entrar em detalhes, como, por exemplo, abertura dos arcos, altura dos tabuleiros, etc. Tudo isso são detalhes técnicos com que- o Parlamento nada tem que ver. O Governo deve limitar se a abrir concurso para o estabelecimento dum meio-de comunicação entre as duas margens, ponte, viaduto, transportador ou túnel.

A questão da construção duma ponte desta importância é um problema muitíssimo sério; sem entrar em detalhes, exige contudo dados que a Câmara não possui para se pronunciar sobre o projecto.

Fixa-se a altura de um tabuleiro a 26 metros acima do solo. •"

Eu pregunto: ^como é que se ascende a esse tabuleiro, especialmente do lado de Xabrogas ?

Naturalmente com ascensores. ,, ,

Mas o tabuleiro para a viação acelerada, chamemos-lhe ainda assim, à viação dos caminhos de ferro? Se o primeiro tabuleiro é colocado a 26 metros acima do solo, o segundo tabuleiro deve andar aí por 33 metros,, ou mais.

De forma que eu não sou do opinião ,que se fixe o sistema de transporte entre as duas margens, nem que se estabeleçam estes detalhes de altura, etc.

Sei que esse engenheiro distintíssimo que ligou o seu nome a problemas importantes para a capital, Miguel Pais, íez um projecto para a construção duma ponte ligando as duas margens do Tejo.

O Sr. Álvares Cabral:—Apenas escreveu uns artigos sobro isso, mas não fez projecto nenhum.

O Orador : — Diz V. Ex.a, mas eu creio que há realmente um projecto.

Impor a ligação entre as duas margens, com uma ponte de 4:500 metros, em linha recta, faz-me lembrar um facto que eu conheço, passado na Rússia e que vem a propósito contar.

Todos conhecem que o _eaminho de ferro entre Moscovo e S. Petersburgo foi o caminho de ferro que levou mais anos a estudar. Um dia, o pai do último Czar da Rússia, com o poder que lhe dava a sua situação de Cxar, chamou os engenheiros que tinham feito os estudos, ouviu as suas opiniões, viu os diferentes projectos, e, marcando numa carta do país os dois locais a servir pelo caminho de ferro, ligou-os ;com uma linha recta^ dizendo: «È este o traçado do caminho de ferro que se há-de construir». E construíu-se.

Mas aqui nem o autor do projecto é o Czar, nem nós estamos na Rússia.

Se nós construíssemos essa ponte, teríamos arranjado a oitava maravilha do mundo; creio que a maior ponte construída, a ponte de Tuy,"tem 3:200 metros, e esta teria 4:500.

E certo que há também um projecto, género Montijo, de ligação da França com a Inglaterra, do qual, se me não engano,, o autor, entre outros, ó o Sr. Hersent.

j A parte que se indica nesse projecto tem 33:500 metros e levará 755:000 toneladas de ferro! . -"