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ÍHário das Sessões do Senado

tura de um ataque feito nos termos e com a intenção que 8. Ex.a anunciou.

Esta questão dos Caminhos de Ferro do Estado tornou-se um verdadeiro caso nacional e o Ministro do Comércio está sendo violenta e rudemente atacado ao mesmo tempo, não só no Senado como na Câmara dos Deputados, mas ainda acs jornais, nos centros de cavaco e nos clubes políticos, ataques esses que visam a demolir o Ministro que teve o arrojo e a audácia de meter na ordem funcionários superiores que até agora tinham saltado por cima de todos os Ministros e se consideravam um Estado dentro do Estado e um poder que se.sobrepunha a todos os outros poderes. (Apoiados*).

Se efectivamente a política portuguesa não fosse o que está sendo, ninguém poderia deixar de condenar esta maneira acintosa de se atacar um Ministro que não tem atrás de si um partido para o defender nem clientelas que o amparem. Esses ataques são forjados por répteis, e não me refiro ao Sr. Ernesto Navarro, que andam por toda a parte a malsinar as minhas intenções, e não só as minhas como as do Sr. Senador interpelante e das pessoas que têm intervindo no debate.

Chega a parecer efectivamente incrível que se faça rio Senado uma interpelação e que ao mesmo tempo se estabeleça uma discussão na Câmara dos Deputados sobre o mesmo assunto dessa interpelação.

Não sabem, porém, as pessoas que me interpelam oa que tratam desse assunto em negócio urgente, a pouca importância que eu ligo à minha situação de Ministro. Ora agora, o que eu não posso ciosamente deixar de defender é, não a minha pessoa, mas a função que represento.

O Senado ouviu e devo-lhe os meus agradecimentos porque ouviu com toda a atenção as considerações que eu fiz em defesa dos meus pontos de vista. Isso mesmo eu tenho o prazer de verificar, não obstante a campanha acintosa dos répteis que, não tendo assento nesta Câmara ou na outra e não podendo, portanto, discutir de frentes andam lá por fora, pelos jornais de menos importância, pelos jornais descategorizados, a atacar deslealmente o Ministro.

Por mais que isso custe, poréca, a essas criaturas que não têm categoria, por mais que isso custe, esta questão

há-de ir até fim. Sou eu que o desejo e que exijo que esta questão vá até o fim.

Esta questão dos quatro despachos que o Ministro deu, no uso legítimo dos seus direitos, e que serviram de facto para esse combate que se organizou, combate organizado com todas as regras e a que não faltaram todos os aspectos das combinações e maquinações políticas, e a que não faltou também o acinte político, é infelizmente um lamentável sintoma da época em que vivemos.

Um ilustre parlamentar, que foi chçfe de um Governo a que eu pertenci, o Sr. Cunha Leal, disse: «que a disciplina era tanto para os generais corno spara os soldados, mas deveria ser, sobretudo, para os generais. Quando os generais não cumprem a sua função castigam-se, como é mester»,.

Este conceito ficou-me para toda a minha vida pública e por mais que possa parecer aos generais, aos coronéis e aos simples cabos, que são um pouco mais' que soldados, e nesta questão há muitos cabos de esquadra, garanto que não me esqueci e que estou absolutamente disposto a deixar-me cair por ele e a ir-me embora, a ser aprovada a moção que está sobre a Mesa.

Cumpri o rneu dever, e exactamente porque cumpro sempre o meu dever sou por isso o Ministro que não convém a várias pessoas e a várias entidades que, dentro do Parlamento, procuram dirimir questões que 150 deviam ser tratadas pelas vias competentes.

Ditas estas palavras, que .devo mais à minha função do que à minha pessoa, e que são mais de homenagem à função que desempenho do que de defesa dos meus actos polí::icos, vou analisar uma vez mais os argumentos do Sr. Ernesto Navarro.

O Sr. Ernesto Navarro insistiu mais uma vez na questão dos despachos, reintegrando e mandando reformar dois funcionários.

E esta questão que se presta a" impressionar mais facilmente o espírito de pessoas que, transbordando de urn forte sentimento republicano, poderiam talvez ter encontrado nos actos do Ministro uma pusilanimidade discutível ou uma transigência até certo ponto de condenar.