O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

U

Diário aos

do Senado

milhares, na mesma situação, nos proprietários rústicos, por,muitos deles terem actualizadas as rendas, recebendo-as em géneros, e assim proximamente referidas a unidades que sobem de valor como o ouro. ,

Disse o Sr. Herculano Galhardo que, ein teoria pura, a melhoria de custo da vida depende ímicamente do saneamento da moeda.

Efectivamente assim é, assim será. Neste ponto & minha concordância com o meu ilustre colega é absoluta.

Creio, contudo, que o espírito do Sr. Galhardo se deixou ir muito longe quando aventou ser um pormenor mínimo considerar ou preocupar-se com a possibilidade ou probabilidade da ruína seja de quem for.

Julgo S. Ex.a errasse o alvo e perdesse de vista que, arruinando-se a propriedade constituída, o produto do esforço, do trabalho, da inteligência do indivíduo actual proprietário ou dos que o precederam, arruinado fica o país.

S. Ex.a escuece que. arruinada a riqueza individual e a propriedade dos diferentes cidadãos, arrumada fica a nação, porque não há nação que possa prosperar quando aos seus habitantes falta a segurança, a tranquilidade de .poderem integrar p«ilpfc,ve.lmente o resultado do seu esforço e sobretudo a certeza, mais do que a esperança, de deixar aos filhos algum resultado do seu esforço, do seu trabalho e da sua inteligência.

É o defeito máximo das teorias avançadas que S. Ex.a professa e tam maus resultados têm dado na grande Eússia, apelidada o colosso moscovita e hoje. depois de praticar as teorias que S. Ex.a admira e de ter sofrido o jugo dos Le-nine e dos Trotsky se sabe ser considerada a Miséria do Norte.

Eeceia S. Ex.a que o projecto contribua para a desvalorização do escudo. Suponho dar-se exactamente o contrário. O que se pretende é fazer cessar a ruína do proprietário, crescendo com o enriquecimento do rendeiro, procurando-se um"a posição intermédia tolerável sem fazer intervir tantos escudos, podendo isso concorrer eficazmente para aliviar a situação fiduciária.

Querer filiar a causa da valorização do escudo — todos os dias mais e mais des-

valorizado—nas mirabolantes promessas e medidas do Sr. Ministro das Finanças, tudo artificialmente feito, não me parece seja o melhor caminho. A. prática e os factos dão todos os dias desmentidos' formais a essas artificiosas tentativas.

O Sr. Augusto de Vasconcelos (interrompendo] : — A desvalorização do escudo é resultado do aumento de circulação fiduciária que acaba de só fazer; somente

0 Governo por esta dose paga 9 por cento ao Banco de Portugal em vez de

1 por cento, que pagava com a circulação por conta do Estado.

O Orador : — Na entrada do Gabinete prometeu-se todo o rigor em evitar o aumento da circulação fiduciária; a promessa era formal e afinal todos sabem que essa circulação continua a ser aumentada prodigiosamente. Paralelamente o custo da vida vai subindo, cada qual vai guardando o seu dinheiro, em vez de o empregar em depósito nos bancos e de colher desses depósitos algum proveito, ainda que pequeno.

Estou convencido de que o único modo de sanear a moeda é cortar as despesas até onde possam ser cortadas e aumentar o crédito até onde ele possa ser aumentado, empregando-se para isso todos os meios que o Governo e os poderes públicos têm ao seu alcance. Sem isso não podemos fazer nada de útil, não podemos trabalhar com proveito, não podemos aumentar a produção, acumulamos erros sobre erros, continuamos & cavar a ruína do país.

Disse o ilustre Senador, segundo uma nota que aqui tenho, que esta,vam interessados na desvalorização do escudo os novos ricos. E possível. Mas também não é menos certo que —e referiu-se S. Ex.a aos esforços do Governo para melhorar a vida— nós Vemos que cada proposta que o Governo nos apresenta produz um arimento imediato no custo da vida.

Levando muito mais longe as-suas considerações, S. Ex.a- afirmo a não o preocupar a ruina da propriedade particular.