O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16

Diário das Sessões do Senado

trigo custava a $60 o alqueire deve pagar o mesmo quando o trigo está trinta ou quarenta vezes mais caro.

Eu não compreendo a má vontade que se manifesta contra a propriedade.

É cm erro muito grande àizer-se que o proprietário é o causador da tal chamada carestia da vida.

Durante a guerra os proprietários de vinhos do norte e sul do país tiveram um pouco de aura por uma razão excepcional: foi porque incontestavelmente a guerra era um monstro que absorvia enormes quantidades de vinho ao mesmo tempo que a produção nos teatros d& guerra de-minuía por efeito da mesma guerra. Mas isso acabou,.

Hoje, o proprietário de vinhos vê-se em circunstâncias altamente difíceis, porque os salários são extraordinários e o tratamento dos vinhos, desinfectantes, alfaias, etc., estão por um preço elevadíssimo..

As condições em que hoje á produzido o trabalho são de tal maneira onerosas que o seu liquido é pequeníssimo.

Eu cito a V. Ex.a o meu caso próprio: este ano vendi a minha produção de batata à razão de 9$50 cada 17 quilogramas.

Pois sabe V. Ex.a ?

j Passado pouco tempo esteve o intermediário a 4 ou 5 quilómetros da minha casa vendendo-a a 1$80 e 1$90 o quilograma e chegou a 2$!

<_:_ p='p' este='este' homem='homem' ganhou='ganhou' quanto='quanto' _='_'>

Mas há mais.

No ano passado pegando eu num lápis c fazendo a conta sobre o qce me eusta,-ria o fabrico do carvão, desisti 'do o fabricar, porque não me dava nenhum re-. sultado.

Já vê portanto V. Ex.s que se alguma culpa há da carestia da vida, ela não cabe ao proprietário, mas ao intermediário.

í Está aqui a meu lado um colega a dizer me que vendeu as suas laranjas a um negociante, por 20 contos, as quais renderam a esse negociante 145 contos!

Já vô portanto, V. Ex.a que este atu-que que se faz ao proprietário, embora agrade às classes populares e seja urna boa teoria para comícios, não deve ser seguido pelos homens de Estado.

Esta má vontade contra o proprietário",

apenas dá em resultado que a nossa cul" tora agrícola em vez de se intensificar de-Eainua.

Aqui está a razão por que eu acho este projecto eminentemente justo, mas falta--Ihe alguma cousa.

E preciso rectificá-lo uo que respeita ao aforamento pelas mesmas razões que quando se trate dos arrendamentos.

E sobre 6ste assunto nada mais tenho a dizer.

O orador nào reviu.

O Sr., Joaquim Crisóstomo:—Peço a palavra para um negócio urgente.

O Sr. Presidente:— O Sr. Joaquim Crisóstomo pediu a palavra para um negócio argente.

O negócio urgente é tratar do caso passado esta manhã nos Olivais.

A Câmara considerou urgente o assunto.

O Sr. Joaquim Crisóstomo :— Sr. Presidente : pelos placaras dos jornais, tenho conhecimento de que se deram acontecimentos graves esta manhã, para os lados dos Olivais.

Segundo anunciam esses placarás, um grupo de civis propunha-se assaltar um importante industrial, com o propósito de o assassinar.

Sendo dado conhecimento à polícia dês-se facto, foram tomadas providências; parece que quando ela se dirigia para o local onde se devia realizar o assalto, foi atacada a tiro, donde resultou ficarem mortos um cabo e três civis.

Afigura-se-me da máxima conveniência que o Sr. Ministro do Interior explicasse o caso com os pormenores que certamente possui.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro do Interior (Sá Cardoso) :—Sr. Presidente: ao encontro do pedido do Sr. Joaquim Crisóstomo, já eu tinha pedido a \r. Ex.a que consultasse a Câmara para eu lhe expor, mesmo com a interrupção da discussão que se estava fazendo, o que se havia passado em relação aos acontecimentos que esta manha se desenrolaram nos Olivais.