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Diário das Sessões do Senado

Portanto nunca podia ter sido dividida a opiaião do Governo, no que diz respai-to à amnistia..

A alguns desses aviadores presos ligam--me ainda laços de uma camaradagem tradicional do tempo dó Colégio Militar, e por isso não faço mínima objecçíSo a que eles sejam amnistiados, mas só depois do seu julgamento.

O Sr. Roberto Baptista: — Essa é que é a boa doutrina.

O Orador:'— O procedimento desses oficiais devia ser julgado em confronto com o do Sr. Ministro da Guerra, que asou apenas de um direito, de que devia e tinha obrigação de usar, castigando esses aviadores.

O acto que eles praticaram está previsto e punido pelo Código de Justiça Militar. Não há duas opiniões a este respeito.

Tem-se especulado politicamente com esta situação. Não confundamos. Os aviadores que acabaram de fazer o raid que a todos orgulha não foram os aviadores que cometeram esses actos de indisciplina. São dois actos perfeitamente antagónicos, e se o não fossem, não podíamos ter o urgulho do raid,

Está já nos bas fonas políticos a causa dessa insubordinação.

Houve aviadores políticos e republicanos que se coligaram com elementos monárquicos e • com elementos sidonistas para fazer "vingar o seu ponto de vista, que era a desobediência aos Poderes Constituídos. Houve outros, cujas imunidades parlamentares lhes permitiram ser postos em liberdade e não compartilíiareni da sorte dos seus camaradas, outros sujeitando-se à sanção da Câmara e outros emigrando no momento preciso e psicológico.

. Outros que conspiraram abertamente contra o Governo numa sedição que se projectava e ainda outros que conspiraram contra o Governo e, ao mesmo tempo, a favor do Governo.

Creio que é esta a causa próxima da pressa na concessão desta amnistia, que vai restringir o direito de defesa aos aviadores, porque era bom que eles fossem perante o tribunal apresentar a sua defesa para elucidação de todos*

A só assim, Sr. Presidente, poderíamos apreciar, com factos, de que lado estava a razão, independentemente do acto de indisciplina que eles cometeram e que nada justifica nem atenua.

Sabem todos os Sr. Senadores quanto se tem especulado com* o. raid; jornais, povo, telégrafo-postais, etc., têm feito com o raid 'Lisboa-Macau especulação e isto levou-me a pensar nele.

Foi um grande raid esse, mas não assombrou o mundo. Aviadores franceses e americanos realizaram também grandes raias e não se tem especulado com eles.

Orgulho-me muito com b raia Lisboa-—Macau; demonstra audácia e perícia.

Mas, Sr. Presidente, é bom não esquecermos que na época contemporânea aquele quê alguma cousa marcou acima de todos pela sua descoberta- scientífica foi o raid de Gago Coutinho.

Apoiados.

Permita-me agora V. Ex.a, Sr. Presidente, e o Senado que eu lembre aqui a figura veneranda do pai de um dos aviadores, que se meteu consigo, fugindo a manifestações.

Sr. Presidente: falo absolutamente fora dos partidos, não estou filiado em nenhum deles. Mas. sou obrigado pela mi-nho consciência, e pela dignidade e brio que devo à minha honra, a fazer estas declarações.

Aqui alguém disse, fazendo a apologia da aviação em referência aos presos de S. Julião da Barra, que «há asquerosos que dão leis».

O Sr. Ribeiro da Silva (interrompendo)'.— Alguém, fui eu.

O Orador: —

Esses «asquerosos» são...

O Sr. Júlio Ribeiro; — Seria fastidioso instar a enumerá-los. Eu conheço tantos!

O Orador: — Não me satisfaz bem a resposta de V. Ex.a

O Sr. Ribeiro da Silva: —Se V. Ex.a \qmere alguns desses asquerosos tem, por exemplo, o Zé do Telhado, que não era menos criminoso do que os outros.