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Diário dtít -Seifôe» do Senado

Transportes Marítimos — o Sr. Nunes Ri-beiro.

A imprensa mais importante estava apostada em dar conhecimento ao País, da administração péssima dos Transportes Marítimos, narrando o que se passava dentro do País, e fora dele, com os navios e suas tripulações que até não recebiam as suas soldadas, porque as agências dos Trasportes Marítimos não tinham fundos.

Pois, Sr. Presidente, o Sr. Nunes Ribeiro pertence a um partido que já foi Governo por várias vezes e que tem aspirações, aliás iustas, ao Governo; é o Partido Nacionalista.

Mas, Sr. Presidente, a verdade é qae o Sr. Nunes Ribeiro tem conseguido atravessar esse enorme lodaçal, que é o dos Transportes Marítimos do Estado, a são e salvo; porque, não pensem V. Ex.as, que o Sr. Nunes Ribeiro, oficial da armada, podia, salpicado por esse lodaçal, sentar-se .à mesa do Chefe-do Estado.

As sindicâncias que se fizeram, não sei quem era o Ministro do Comércio de então, não deram aquele resultado que era de há muito reclamado pela opinião pública, porque os magistrados encarregados de fazer essa sindicância não se deram ao trabalho de fazer essa limpeza moral, a que eram obrigados em nome dos interesses da nação.

E cá nos aparece também o reacciná-rio juiz a quem o Sr. Ministro do Comércio rendeu tantos elogios, o Sr. Nuces da Silva, e que um dos Senadores deste casa do Parlamento parece-me querer defender dos ataques que eu lhe faço.

Mas vem o Governo, pela pasía da Justiça, com o reaccionário juiz..,

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Pires Monteiro): — Eu não co-uheço S. Ex.a e nem fui informado de qual era a sua filiação partidária.

Eu simplesmente fiz fé do relatório judicial que esse juiz apresentava e tive á informação de que o Conselho Superior Judiciário deve merecer o mais alto respeito.

E V. Es.* sabe qual é a minha fé republicana, e V. Ex.a que foi um companheiro saiidoso e querido quando maus portugueses invadiram o território de Portugal pela Galiza, e portanto, V. Ex.a

sabe que eu sou de uma fé republicana inquebrantável.

Mas como já disse, não sei qual é a filiação partidária do Sr. Nunes da Silva, nem me importa, com tanto que ele ponha acima de tudo a Pátria e respeite a República.

O Orador: — Parece, pelas palavras do Sr. Ministro do Comércio, que eu o responsabilizei pelo acto praticado por um dos seus antecessores. Ora eu apenas disse que o Sr. Ministro do Comércio, e agora acrescento — que não o Sr. Pires Monteiro— solicitou ao Sr. Ministro da Justiça de então uma nova sindicância.

Elogiou o Sr. Pires Monteiro o acórdão do Conselho Superior Judiciário e fê-lo em termos tais que não me repugna que sejam bem merecidos.

Está, portanto, posta de lado qualquer crítica a:S. Ex.a que não ó o responsável por nenhuma daquelas calamidades dos Transportes Marítimos do Estado.

O Sr. Pires Monteiro é falado pelo facto de ter tido a pouca sorte de ocupar a pasta do Comércio,. . Se no lugar de S. Ex.a estivesse, por exemplo, aqui o Sr. Alfredo Portugal, seria também falado como Ministro do Comércio...

Risos.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Pires Monteiro) (interrompendo):— O' meu antecessor não nomeou nem pediu ao Ministro da Justiça para nomear qualquer juiz para fazer um inquérito judicial.

Foi o Conselho Superior Judiciário quo indicou, no uso das suas atribuições, qual deveria ser o inspector judicial. •

Por consequência V. Ex.a não pode acusar nenhum membro do Poder Executivo de ter escolhido este ou aquele juiz para proceder à sindicância.

O Orador:—Há aqui uma grande confusão.

c; Quais são as atribuições do Poder Executivo ?

Nomear livremente os sindicantes a determinados serviços do Estado.