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Sessão de: 19 e 20 de Agosto de 1924

Tenho portanto de recorrer ao Poder Legislativo para obter a necessária autorização, visto que de outra forma esse dinheiro'entrava na receita eventual.

'Realmente é com certo sentimento de desgosto que eu pretendo vender os navios, mas como Ministro tenho de proceder com critério económico, e não seria justificável advogar a i.dea de reparar por exemplo o Almirante Reis, quando é certo que os trabalhos da sua reparação orçavam em 250:000 libras, ou seja sensivelmente 37:000 contos. Certamente o Parlamento, e com razão, nunca autorizaria a despesa de 37:000 contos para reparar um cruzador que depois de pronto não daria mais que 18 milhas, numa época em que qualquer cruzador ligeiro tem 35 a 36 milhas de velocidade.

Seria para tempo de paz?

Mau critério económico, por que em tempo de paz não é a potência do navio que tem importância pára o valor de uma missão de cortesia ou amizade. Um navio de menor tonelagem chegará.

A primeira dificuldade que se me deparava era se o navio havia de ser reparado em -Portugal ou no estrangeiro.

Aqui tinha de entrar numa doca, e pelo seu comprimento ele só podia entrar na doca n.° 1.

Precisaria de ser todo desforrado para se avaliar do seu estado.

Estaria cerca do dez meses dentro da doca,gasttmdo centenas de contos e prejudicando a vida comercial do porto de Lisboa.

Se o navio fosse a reparar ao estrangeiro, estava orçada essa reparação com 250:000 libras, as quais sairiam da economia nacional para ir favorecer a indústria estrangeira.

Se o Parlamento me podia dar essas 250:000 libras, mais valia construir-se em Portugal um destroyer, e dois terços do seu valor ficariam em Portugal.

Quanto ao antigo S. Gabriel, as considerações são análogas.

Estava calculada a sua reparação em 50:000 libras, sem que os efeitos da reparação fossem duradouros, e se eu juntassse à^ 250:000 libras esta importância obti-

nha uma quantia com a qual se podia construir agora um pequeno cruzador ligeiro. . •

A respeito dos nomes dos navios, se realmente impressionam, é muito fácil deslocá-los para outros navios.

Os navios inúteis que constam da minha proposta não são vendidos para serem utilizados como navios. São vendidos para serem desmontados, visto que hoje, depois do Tratado de Washington, os navios de guerra não se vendem senão para serem desmantelados, e eu pretendo abrir um concurso para tal fim.

Quere dizer, pelo motivo de abundarem hoje as empresas que se dedicam à indústria de desmantelar navios, empresas que possuem o ferramental necessário para esse desmantelamento, eu sei que realizo mais dinheiro para o Estado abrindo um concurso, sem limites, do que se fosse abrir um concurso somente entre portugueses que não dispõem do material necessário para desmantelamento de navios de guerra.

O Sr. Procópio de Freitas: — Sr. Presidente: desejo declarar que não concordo com todas as considerações feitas pelo Sr. Ministro da Marinha.

Pelo facto de unvnavio andar apenas 18 milhas, a meu ver não é razão para ôsse navio, não poder prestar ainda bastantes serviços.

Sobre a necessidade de se desforrar todo o navio, para se saber o seu estado, parece-me também que isso não seria preciso.

Desejava que o Sr. Ministro da Marinha me dissesse se é só o casco que vai ser vendido, ou se as caldeiras e os ma-quinismos são também vendidos.

Creio que algumas das caldeiras do Almirante Reis foram consertadas o estavam prontas a funcionar.

O Sr. Ministro da Marinha (Pereira da Silva):—As caldeiras do Almirante Reis já estão em terra.

O que se vende é somente o casco com as máquinas.