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Diário das Sessões do Senado

O Sr. Ministro da Marinha (Pereira da Silva):—Não posso satisfazer o desejo do Sr: Procópio -do Freitas, por isso que ainda não sei bem qual a aplicação a dar a esse dinheiro. Tudo depende da saa importância.

O Orador: — Desejava também que o Sr. Ministro da Marinha nie dissesse o que pensa sobre a navegação costeira da Madeira.

O Sr. Ministro da Marinha (Pereira da Silvai): — Sobre ôsse ponto, devo dizer que mandei um telegrama pare. o.Funchal a fim de continuar a fazer-so essa navegação, porque compreendo que era uni prejuízo para a Madeira se ela cessasse.

O Sr. Garlos Costa: — Sr. Presidente: não quero deixar passar esta ocasião para apresentar o meu protesto contra a proposta de venda-da única unidade naval de guerra que nós tínhamos, ou seja o cru-zador Almirante líeis.

Lamento que o Sr. Ministro da Marinha, em quem reconheço qualidades de alto valor moral o profissional, nos traga tal proposta; eu daria o meu voto de aprovação se tivesse a certeza que a importância que se adquirisse serviria para fazer mina investigação aos autores desse grande crime que foi o abajidono e inutilização do cruzador Almirante Reis. • Era 1916, quando Portugal entrou na guerra, o cruzador Almirante Reis estava necessitado de reparação; o Ministro da Marinha dou ordem para se fazer essa reparação, mas, como não tínhamos muitas unidades, mandou-se reparar apenas metade do número das s-uas caldeiras, do forma que o navio pudesse navegar em qualquer ocasião, com uma velocidade de 12 milhas.

As ordens não foram assim cumpridas, e, com uma actividade febril, inutilizaram--se tod£.s as caldeiras e parte do navio. Muitos meses depois, quando as máquinas e metade das caldeiras já estavam reparadas, abandonaram tudo, inutilizando-se as caldeiras por falta do cuidados, e as máquinas por terem sido expostas ao tempo no Arsenal do Marinha.

Houve o ódio ao navio. Em 1921, ainda eu consegui afastar a sentença que ia ser lavrada, e isso só com o pedido de do-

cumentos que então fiz na outra Câmara, donde resultou a nomeação-duma comis são do vistoria- que achou o navio, digno de reparação, mas então já o sen custo era muito elevado.

Se neste País se exigisse responsabilidade a quem inutiliza cousas do Estado, não estaríamos na situação da marinha ficar sem o melhor navio que tem tido, é que fazendo parte duma série de, quatro navios .iguais, construídos cm Inglaterra, creio que dois deles ainda estão em serviço naquela nação.

O navio vendido como sucata, e para cetra aplicação não será, vai render uma quantia, insignificante.

O Sr. Ministro da Marinha (Pereira da Silva): — Eu prevejo, por indicação quo tenho, o valor como sucata não irá além de 8 mil libras e a reparação atingia 250 mil libras.

O Orador: — Hoje nem mesmo por esse dinheiro se fazia a reparação, porque nem máquinas tem, está inutilizado por completo.

Não temos navios, não temos material, mas temos.-uma organização em papel superior à da marinha inglesa, a primeira do mundo, -e a propósito desta observação eu aproveito o momento para pedir ao Sr. Ministro da Marinha o favor do me explicar por que é que as 'repartições do seu Ministério propuseram um oficial para promoção a .capitão de mar o guerra havendo oficiais que excedem o quadro,

Embora ôste assunto se afaste um pouco daquele que estou tratando, peço ao Sr. Ministro da Marinha o favor de me elucidar sobre ele.

Relativamente à venda dos cruzadores Almirante Reis e S. Gabriel, declaro quo lhe não dou o meu voto.