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Diário das Sessões do 'Senado

sentir este estado miserável em que se encontra»

Se houvesse equidade, se todos os funcionários públicos percebessem equitativamente aos altos funcionários, tenho a certeza que todos reclamariam o coeficiente lõ, mas isso não é possível em-quanto estiver no actual Governo o Sr. Dr. Daniel Rodrigues.

Há funcionários públicos, há ainda parlamentares de alta patente, que têm um tal número de empregos que dispõem das suas faculdades de trabalho em diversos Ministérios donde recebem o suficiente para poderem viver à. tripa-fôrra.

Na hora em que o Exército, a Armada e o funcionalismo público quiserem, serão chamados à responsabilidade aqueles que são culpados de levarem a República até ao estado em que se encontra.

Quando será esse dia, não sei, mas sinto-o aproximar.

Já me contentava que o Sr. Ministro das Finanças viesse à Câmara do Senado e dissesse, por estas ou 4)01* outras palavras :—o Estado Português não pode pagar actualmente mais do que aquilo que será asado no coeficiente 12, mas o que o Estado Português deseja, porque conhece a situação angustiosa «m que se debate o funcionalismo público, ó que o Parlamento lhe dê uma autorização para elevar os vencimentos a esses funcionários à medida que as receitas sejam aumentadas.

E, embora isto seja uma simples promessa, o funcionalismo público ficaria satisfeito, e eu não estaria neste momento no uso da palavra para poder defender ainda, como intérprete que me julgo ser do funcionalismo público, a idea que aceitaríamos de melhor grado.

Não propõe o Sr. Daniel Rodrigues que o coeficiente seja elevado, deixando o Governo como juiz do momento da sua aplicação, e não o fez porque o Sr. Daniel Rodrignes esqueceu-se dos princípios democráticos, ao passar a ser representante do Poder Executivo.

Antes de ser Ministro, era uma criatura acessível, depois desapareceu o democrata para ficar unia pessoa rígida, e declarar que não pode dar mais aos fuDÒionários, o que estaria bem se nos dissesse ao mesmo tem-po que tinha acabado com cortas siaecuras e desperdícios.

Mas não^é assim.

O Sr. Álvaro de Castro, não podendo nomear mais funcionários, arranjou uma secção chamada dos câmbios, com funcionários contratados com vencimentos superiores aos dos funcionários públicos. Essa secção tem um chefe que recebe a módica quantia de • 5 contos mensais, participação ainda de 5 por cento nos lucros da secção, e, só na especulação que fez com os papeis externos, ele recebeu 36 contos.

São funcionários desses que acolitam o Sr. Ministro das Finanças.

Um republicano não falaria assim, se republicanos tivessem sido todos aqueles que se sentam naquelas cadeiras.

Republicanos que fizeram comícios, na propaganda, e afirmaram dar mais um certo bein-estar à Nação, não p-odem agora desmentir esses princípios.

Continua-se a pescar cidadãos para ministros, como só dentro da corte republicana não existissem competências para o bom desempenho de tal cargo.

Sucedeu, até. ir-sc buscar, uma vez. Q Sr. Cerveira de Albuquerque, hoje secretário geral das colónias, para ministro, quando esse militar supunha ir receber ordem de prisão por ostar envolvido numa conspiração. c

E isto administração republicana?!

Administração republicana tivemo-la aqui, com Afonso Costa, que presidiu a um Governo e administrou de tal maneira que as despesas públicas diminuíram, e encontrou-so um superavit que foi uma verdade bem real.

Ele nunca consentiu em autonomias de serviços públicos, em que surgem directores com representação maior que ministros.

Vejo, por exemplo., Sr. Presidente, no Ministério do Comércio o administrador geral das estradas.

Este é autónomo, o Sr. Ministro do Comércio é uma simples chancela de todas as deliberações do Sr. administrador geral das estradas.