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Sessão de 18 de Novembro de 1924'

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bre ele que assentaram os trabalhos duma comissão, nomeada para fazer o devido estudo.

É interessante elucidar V. Ex.as sobre alguns dados deste projecto, sobretudo sob o ponto de vista financeiro.

A ponte a que esse projecto se refere tinha 2:265 metros e deixava uma cota de cerca de 50 metros para a passagem dos navios de grande lotação.

Importava ao câmbio de então, com a ligação com a linha do Sul e Sueste, em 46 milhões de francos, soma esta que ao câmbio actual seria de 46:000 contos.

O Sr. Afonso de Lemos: — Desse modo as linhas do Sul e Sueste ligavam com a ' estação do Bócio.

O Orador: — Sim, senhor.

Importava, como disse, ao câmbio actual em 46:000 contos, mas há ainda a considerar que os materiais custam hoje muito mais do que nessa época e, por consequência, não bastariam os 46:000 contos para levar a obra a cabo.

Os encargos respectivos para o Estado e o diferencial que havia subiam hoje a pouco mais ou menos 60:000 contos.

Quere dizer: sob o ponto de vista financeiro era uma obra que escava dependente do desenvolvimento daquele ponto, que. quanto a mini, tinha como principal objectivo a ligação de passageiros com a linha do Sul e Sueste.

Com este aspecto da ligação das linhas do caminho de ferro do sul com Lisboa, e propriamente sob o ponto de vista da exportação, desde que se fizesse o porto de Montijo, de maneira a aproveitar todo o tráfego das linhas do sul, entendo que a ponte projectada era de grande benefício para aquele porto.

Sob o ponto de vista da urbanização é que, no entender de vários Srs. Senadores, a ponte sobre o Tejo trazia vantagens para Lisboa.

Ora, eu tenho uma opinião diferente.

Lisboa já é uma Capital bastante grande para um País como o nosso; e, por consequência, todas as medidas que se tomem, tendentes a aumentá-la, são, no meu entender, contrárias aos interesses do Estado.

Sobre o aproveitamento dos terrenos do outro lado do Tejo, acho que isso de-

ve ser posto de parte, visto que a cidade já tem bastante área para se desenvolver, sem lhe ser necessário expandir-se para o outro lado do rio.

Sob o ponto de vista de construção de linhas férreas, só a ponte do Montijo pode dar esse resultado, por ser ama obra de arte que se impõe para a ligação económica de Lisboa e a parte sul do País.

Como V. Ex.as sabem, Lisboa abastece-se de cereais do Alentejo; e, como V» Ex.as também sabem, o transporte desses . víveres e doutros géneros é feito duma forma que deixa muito a desejar, tornando-se, portanto, necessário pensar em trazer esses géneros da parte sul do País para a cidade de Lisboa, pela forma mais fácil e económica.

A construção desta ponte, portanto, impõe-se, tornando-se absolutamente necessária para a normalização dos serviços da cidade.

Já aqui foi posta uma objecção: é que a ponte pode dificultar a navegação. Mas creio que já aqui foi dito que a uma altura de 26 metros se pode obviar a esse inconveniente.

Mas, para se conseguir essa altura, seria preciso um desenvolvimento nas duas margens, que tornava impossível o desenvolvimento dos cais.

Tendo esta ponte uns 4:500 metros, e sendo em rampa de 8 milímetros por metro, o que é normal, e considerando na parte central uma parte em patamar que não esteja sujeita a qualquer inclinação, com um quilómetro de extensão para ambos os lados, era isso o suficiente para a ligar com qualquer linha férrea.

De maneira que por esse lado não havia inconveniente algum.

Quanto à' idea do túnel, como V. Ex.âí sabem, foi uma questão estudada na mesma ocasião em que foi apreciado o projecto «Miguel Pais», mas o projecto dês-se túnel era em Lisboa.

Esse aspecto da questão foi, porém, t posto de parte, se bem que se tratasse, como V. Ex.as se devem recordar, duma notável obra de arte.

Tinha de se descer a cotas de 50 metros, o que tornava impossível a ligação com qualquer linha férrea, a não ser por meio de elevadores.