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Sessão de l de Abril de 1920

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ílsse respeito tenho sempre pregado de viva voz e com o exemplo.

Agora ligeiras referências a consiclera-•ções de alguns colegas meus a respeito de muros e murinhos.

Numa propriedade confinando com a estrada pública e murada, confinando com terreno meu de segunda ou terceira qualidade, não importa, plantei um renque de árvores, mas não quis fazer pascigo da estrada, e mandei pô-las três ou quatro metros adentro do terreno.

Isto é um caso excepcional, bom sei, mas serve para demonstrar que a árvore pode efectivamente estar na estrada e não fazer mal apreciável ou de considerar ao terreno adjacente.

De outros factos tenho conhecimento, de verdadeiros crimes praticados repetidas vezes, em esplêndidos exemplares do Estado, na estrada que liga Lisboa ao Porto 13 em outras.

Existiam em vários pontos ulmeiros e choupos, velhas árvores muito interessantes, embora algumas pudessem mostrar ia começos de decadência ou de decrepitude.

Em alguns sítios, não os proprietários confinantes incapazes do malefício, contrariados até pelo facto, mas pessoas rudes, na hipotética intenção de' lhes serem agradáveis, fizeram a essas árvores a barbaridade de lhes tirarem um anel de casca, obrigando-as a morrerem.

Os factos passam-se de noite, irritando os proprietários, e os autores continuam sempre desconhecidos.

Alguns colegas meus não gostaram da afirmação por mim feita de não gostar da árvore o nosso povo. . Não quero insistir nesse asserto, porque não desejo envolver toda a gente na generalidade da afirmação, nem me podia passar pela cabeça referir-me a todos os portugueses. Ainda menos para contrariar o nosso colega Sr. Gaspar de Lemos, tendo S. Ex.a feito a restrição de no nosso País à árvore ser mal estimada pelas pessoas incultas.

Mas a incultura é cousa muito geral no nosso País, e eu vou contar a V. Ex.a íim facto presenciado por mim, ontem, a provar como mesmo na capital, no coração, da capital, se fazem malefícios ao .arvoredo. -

Passava ontem de tarde no Largo de

S. Roque, onde, como todos podem ter visto por ser sítio de muita passagem, estão plantadas árvores novas, com troncos aproximadamente a grossura de um braço.

São árvores delgadas, com a cabeça muito bem formada, como saem dos viveiros da câmara.

Passava eu ali, vindo da rua da Trindade, quando vi um garotote, aí dos seus doze anos, abanando furiosamente uma dessas árvores. Naturalmente não era para lhe fazer bem, e, circundando os olhos em redor, não lobriguei o mais insignificante polícia.

Dirigia-me ao garotote, mas, ainda a distâicia, já este tinha largado a árvore, seguira outro rumo o não cheguei a ter ocasião do lhe dizer nada.

Nesta atyura desembocava da travessa da Queimada um polícia que naturamente tinha visto o acto com absoluta indiferença- como toda a outra gente que passava nessa ocasião.

Por estar bem convencido da pouca exeqiiibilidade do preceituado no projecto e para tentar ou auxiliar a sua substituição para cousa mais viável, mandarei para a Mesa uma. proposta de substituição de todas as palavras desde «castanheiro» até «espécies frutíferas» por «árvores» simplesmente.

O Sr. Medeiros Franco (interrompendo):—Eu já enviei para a Mesa uma proposta em substituição desse artigo, eliminando essas palavras e substituindo-as pelas seguintes: «essências florestais».

Não faço distinção entre castanheiros, sobreiros, oliveiras, etc. Fica apenas o género e não a espécie.

O Orador :—Mas há outra cousa em que eu quero ainda tocar e que é interessante.

Numa das grandes avenidas que ligam a cidade com o Campo Pequeno e Campo Grande havia numa rua transversal umas árvores plenamente formadas, que tinham pegado lindamente, com a altura pouco mais ou menos dum primeiro andar, tendo um tronco da grossura dum braço forte, mas eram coníferas.