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Sessão de 3 de Junho de 1925

O Sr. D. Tomás de Vilhena:— Sr. Presidente : fui também uma das pessoas que lamentaram que o Sr. Ministro da Guerra ainda não tivesse sido apresentado ao Senado, e devo di/er a V. Ex.a, com aquela franqueza que me caracteriza, que as razões expostas pelo Sr. Presidente do Ministério, nem tam pouco a brilhante defesa feita pelo nosso ilustre colega e meu prezado amigo, Sr. Catanho de Meneses, sobre este assunto, me convenceram.

Está claro que fiquei encantado com a palavra de S. Ex.a, que é sempre brilhante e que tem um tom de romantismo que vai desaparecendo ; por isso cada vez é ouvido com mais interesse, e entusiasmo.

Não vou também discutir os motivos que determinaram a saída do Ministro da Guerra, comandante da guarda republicana, Sr. Vieira da Rocha; i só pasmou se há tanto tempo, têm decorrido já tantos factos depois disso, que seria fastidioso tornar a voltar ao assunto, e não me parece ser ocasião oportuna para tratar desse assunto.

Consta que o Sr. Ministro da Guerra é um bom republicano, e toda a gente está farta de saber que sou um monárquico ferrenho, mas isso não obsta a que apresente os meus cumprimentos ao Sr. Ministro da Guerra, e faço votos para que durante o tempo que S. Ex.a esteja nesse lugar possa corresponder de forma a zo-lar ov) interesses da Pátria. .

Posto isto, permita-me S. Ex.a que lhe diga que não o felicito pela sua passagem nessa cadeira. S. Ex.a, que é um militar muito listrado, um homem de sciência e muito distinto, ainda não há muito, num congresso estrangeiro, se apresentou como delegado do Governo português, cativando a estima e consideração dos Srs. congressistas.

Sei que ó uni militar muito distinto e profundo conhecedor dos assuntos militares.

Dada essa situação, deverá ser muito dolorosa a situação de S. Ex.a, porque tem de reconhecer que o nosso exército, mercê de circunstâncias muito variadas e rausis muito complexas, está hoje muito longe de corresponder ao seu tini principal, que é o da defesa nacional, e principalmente nesta hora, depois de tantas novidades que veio trazer à arte da guer-

ra esse grande cataclismo que se chamou a Grande Guerra, reconhecendo que, no actual momento, o nosso exército carece de tudo para corresponder aos fins da defesa nacional. ,

Os soldados portugueses foram sempre dos melhores do mundo, os seus oficiais têm grandes merecimentos, mas o que é facto é que lhes faltam todas as condições técnicas necessárias para o bom exercício dessas funções, porque a guerra hoje é um mecanismo altamente complexo, e quem não estiver habilitado para trabalhar nela, por maior valor que tenha, a sua acção será sempre ineficaz.

Ouvi também, e parece-me que a mais do uni Sr. Senador, pedir que S. Ex.a fizesse pol.tica republicana no exército.

O exército, Sr. Presidente,' representa a nação, o exército tein de manter a ordem no país, obedecendo aos poderes constituídos, tem do estar pronto e habilitado para def-nder a Pátria da arremetida dos estrangeiros.

Permito me por isso não aconselhar, mas lembrar ao Sr. Ministio toda a conveniência de não fazer política no exército, porque isso não tem trazido senão os maiores desastres às nações que têm empregado esse sistema.

S. Ex.a, muito melhor do que eu, deve conhecer a história política e militar dos últimos tempos para saber quo, quando se começa a imprimir feição política ao exército, a paz desaparece completamente.

E termino aqui as minhas considerações, esperando que S. Ex.a me dê motivos, não só a felicitá-lo pela sua acção, ruas a aplaudi-lo na sua obra governamental.

O orador não reviu.

O Sr. Dias de Andrade : —Pedi a pala-vra para, em nónio da minoria católica^ apresentar os meus cumprimentos e saudações ao novo titular da pasta da Guerra, fazendo votos para que S. Ex.a prestigie mais uma vez a instituição militar, oleando com carinho os interísses do pais.