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Diário das Sessões do Senado

Municipaí, quando a Companhia, depois de várias blandícias, enveredou pelo ca-min-ho da ameaça, dizendo que entregava as chavos dos depósitos. Como o ver-ea- • dor a quem isto foi dito respondeu que a Câmara estava disposta a recebê-las, tan- ' to bastou "para'que um director da Companhia, encarregado desta démarche, se eclipsasse e nunca mais -voltasse à Câmara Municipal.

Se o Sr. Ministro do Comércio assim proceder fará com que não haja falta de água em Lisboa, nom boatos terroristas, e deixará de ser incomodado com pedidos de entrevistas e conferências.

Sr. Presidente: creio que os factos por-mim apontados, quer na anterior sessão, ,quer na de hoje. constituem matéria bastante para justificar uma larga moção em que eu sintetizo o irregular procedimento da Companhia das Aguas; e efectivamente tencionava apresentar essa moção, rnas; como ela é acompanhada de considerandos de tal extensão que não, podem ser apreendidos dum. momer,to. para outro, resolvi substituí-la por um projecto de lei que dentro em poucos cias trarei à Câmara para que se faça a remissão imediata do contrato da Companhia das Águas, a fim de acabar com esse odioso e odiento monopólio. Reservo-me,-porém, o direito de dar a publicidade que entender à moção a que aludo.

Com esta atitude não faço mais do que seguir a boa doutrina dá propaganda do Partido Republicano Português e do seu programa — acabar com todos- os monopólios.

De forma que dentro em poucos dias, se não me cair algum, aguaceiro em ciraa, conto trazer à Câmara um projecto- de lei nesse sentido; estou convencido que, aprovado esse projecto e municipalizados os'sorviços òas águas, conseguiremos grandes vantagens económicas para o Estado. .

Porqne o que o Espado paga anualmente à. Companhia d;is Aguas é uma quantia s*tiperior «grosso modo» àquela que o mesmo Estado teria de pagar pek.s antí-dades da remissão do contrato com a Coni-panliia das Aguas.

E já representará muita sorte para a Companhia o fazer .a remissão e não a rescisão do contrato; porque sendo verda-

deiras todas as acusações que'eu aqui produzi, o que dev.ia; ter lugar era a rescisão e não a remissão.

O Sr. Ribeiro de Melo .(interrompeu-! í/o): — V\ Ex.a dá-rne licença?

,jV. Ex.a quando^ se referiu numa passagem do seu discurso à Câmara Municipal, dizendo que a • Companhia a tinha ameaçado de entregar as chaves dos depósitos, V. Ex.a referiu-se foi à anterior vereação, não foi?

O Orador:—Sim, senhor.

O Sr. Ribeiro de Mela:—Muito obrigado a V. Ex.a •

O Orador:—Sr. Presidente: além das' vantagens económicas que traria o acabar-se cora o monopólio, terminava também esse factor de sobressaltos e de terror que a Companhia lança sobre o público • da capital:. a falta de água.

Sr. Presidente: não quero prolongar por mais tempo a análise-que estou fa--zendo ao procedimento da Companhia das • Aguas; desejo deixar ao Sr. Ministro do. Comércio tempo suficiente para iniciar a sua resposta, e, como naturalmente terei necessidade de .replicar a S Ex.% o prolongar agora a minha exposição não faria mais co qae cansar a atenção, da Câmara e maçá-la.

Se este assunto tivesse sido tratado por outro membro' desta Câmara, seria exposto de uma forma brilhante e mais interessante, com mais agrado para o ouvido, mas o que garanto é que não o teria feito com mais vontade, nem com mais, interesse do que eu o fiz pela causa pública. - . ' • • :

Tenho dito.

O orador foi muito felicitado.

O Sr. Ministro do Comércio e Comuni-caçõfis (Ferreira de Simas): — Como - o tempo no momento presente é pouco já, quero imediatamente referir-me a -uma acusação gravíssima que o Sr.. Carlos Costa "fez anteontem, e que bem''po"dia alarmar a população. •'