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908 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 74

bilidade de seguir os resultados do negócio. Não estuda as informações. A razão maior deste facto ó a pouca competência desses empresários.
Uma esmagadora maioria (97 por cento) dos gerentes comerciais e industriais das P. M. E. da metrópole está efectivamente muito pouco preparada para gerir eficazmente uma empresa moderna e acusa grande ignorância nos seguintes domínios:
Percentagens
a) Gestão financeira............ 98
b) Gestão de stocks............. 95
c) Planificação................. 93
d) Controle de produção......... 71
e) Técnicas comerciais.......... 62

É evidente que os dirigentes económicos das P. M. E. não foram formados em escolas de nível adequado.
Verificou-se que no último período de dez anos só as empresas de prestação de serviços incentivaram as suas organizações. Parece não haver dúvida de que o ensino técnico profissional, apesar de todos os seus progressos, deve passar a actuar em novos moldes.

14. Volta a pôr-se uma das três perguntas anteriormente feitas: não seria possível organizar todo o novo ramo de ensino dentro do quadro em que ó ministrado o ensino superior e em escolas de nível superior?
É efectivamente problema, que não pode deixar de ser levantado, o de saber se a reforma, que parece inevitável, não se deveria antes realizar no contexto de uma reforma geral do ensino superior, dentro do qual o actual ensino médio poderia integrar-se como um primeiro escalão. Tendo em mira as finalidades dos actuais ensinos designados como médios, a questão é pertinente.
Esse primeiro escalão seria professado em estabelecimentos especialmente destinados a tal efeito, ou mesmo como primeira fase dos estudos universitários propriamente ditos, a exemplo do que já sucede em alguns cursos escalonados em duas fases, das quais a primeira dá direito ao diploma de bacharel, a segunda ao de licenciado.
Em 1959 elaborou-se um projecto de decreto-lei criando nas três cidades universitárias da metrópole e também em Évora, em Braga, em Luanda, em Lourenço Marques e em Goa os colégios propedêuticos universitários; cada um dos quais seria considerado secção preparatória de uma das três Universidades ao tempo existentes.
Esses oito colégios tinham por fim ministrar o ensino propedêutico universitário num ano para algumas secções e em dois anos para outras.
Previa-se, porém, um terceiro ano em algumas das secções, ao fim do qual se poderia obter o grau de bacharel. Os fins principais da criação dos colégios universitários eram:

1) Descentralizar o ensino superior, criando novos núcleos discentes, numa tentativa de regionalismo do ensino;
2) Instituir núcleos de estudos superiores em duas cidades metropolitanas de vetustas tradições culturais;
3) Permitir que os professores distintos do ensino secundário pudessem trazer a sua colaboração, como encarregados de curso e assistentes, aos colégios universitários. (Desta forma se pensava valorizar, pelo estudo e pela reciclagem, os referidos professores. Esta colaboração apresentava-se como utilíssima, mesmo nas três cidades universitárias, pois já então era manifesta a insuficiência dos quadros docentes);
4) Criar ensinos pluridisciplinares, fugindo ao regime tradicional das Faculdades especializadas;
5) Melhorar o contacto pedagógico entre docentes e estudantes.

Este projecto de reforma de 1959, embora previsse a criação de um curso semestral de Lógica, integrava-se no espírito clássico, onde a chamada cultura geral - ou seja o tronco comum da cultura literária e da cultura científica - aparecia como fundamental: a cadeira de Sociologia e o curso de Instituições Políticas eram obrigatórios nos 2.ºs anos de todas as secções a ministrar.
Por essa altura considerou-se também a hipótese de transformar os institutos industriais e os institutos comerciais e porventura as escolas de regentes agrícolas em secções dos colégios universitários, de forma a categorizar os diplomas do ensino médio. O ensino superior a ministrar nos colégios propedêuticos e o ensino universitário a ministrar nas Universidades (que teriam a seu cargo as "especializações" e a "investigação") passariam a constituir a forma normal de conclusão das carreiras escolares, embora se tivesse sempre em conta que haveria estudos para doutoramento e investigação.
O acesso aos quadros da vida activa processar-se-ia, de um modo geral, através dos colégios e das Faculdades.
Como já ficou dito, tal solução teria a recomendá-la o maior prestigio dos cursos tecnológicos médios, porquanto o público de há muito se habituou a ver na Universidade a instituição que concede títulos académicos, que também o são de categoria social.

15. A primeira dúvida que ressaltou ao espírito de quem preparou a reforma gorada de 1959 foi o da possibilidade de recrutar mais pessoal docente para o ensino superior, recorrendo-se embora à colaboração dos professores dos ensinos secundários.
As possibilidades de formação de professores (de professores habilitados para exercerem o magistério em determinado grau de ensino) constituem sempre o problema número um que o legislador tem de equacionar.
Por essa época havia grandes preocupações respeitantes ao alargamento do número dos professores dos liceus e das escolas técnicas profissionais. Tal alargamento de quadros (sobre os quais se fizeram estudos profundos) só parecia viável com um substancial aumento de vencimentos. Tomaram-se então providências muito discutíveis para facilitar a entrada de licenciados nos estágios.
Agora, porém, foi determinado um aumento substancial de remunerações aos professores dos graus secundários e universitários.
De facto - repete-se! -, o volume e o quilate do pessoal docente são, qualquer que seja o nível do ensino que se considere, simultaneamente o factor decisivo do êxito dos empreendimentos e o mais grave obstáculo às esperanças que se depositam nas reformas pedagógicas.
Diga-se desde já, e insista-se no facto, que o prestigio de uma escola advém, fundamentalmente, do prestígio dos seus professores. Este prestígio decorre do nível intelectual das pessoas, da sua competência, da sua cultura geral, da sua dedicação ao ensino, do interesse que manifestam pelo progresso dos estudantes.
Ao nível das Universidades as publicações e as realizações técnicas de um mestre reflectem-se ma sua reputação.
O problema dos quadros docentes oferece características peculiares nos diversos graus de ensino, mas é apenas nos graus de ensino médio e universitário que interessa agora considerá-lo.